CULTIVAR 1 - Volatilidade dos Mercados Agrícolas

57 compreensão dos desafios e perigos – como se quisesse demonstrar-se a “nova desordemmundi- al” e, de um tal passo, afirmar-se a ausência defi- nitiva de regras, substituindo-as, em democracias ameaçadas ou em revigorados regimes autoritári- os, pela “verdade” e o “indiscutível” impostos pela contingência daquela “desordem”. QED. No continente africano, a situação é muito sé- ria, em toda uma série de conflitos e tendências agudamente negativas. No Sudão, passando pelo fracasso do Sudão do Sul, numa Eritreia à deriva, à beira porém do Bab-el-Mandeb, acompanhada pelo que ocorre a norte, no dividido Sudão, como em Djibouti, e no Iémen, à entrada da rota essen- cial que é o Mar Vermelho. Mas é afinal o Oceano Índico no seu todo que está em causa, mal-ama- do na valência de uma porém preeminente im- portância. Por seu lado, uma cintura de conflitos estende-se da e ao longo da costa da Somália até aos Grandes Lagos e a uma até hoje bastante es- quecidaÁfrica central, ligada no entanto ao Sahel, por um lado, como ao Golfo da Guiné, neste últi- mo caso por elos crescente e assustadoramente frágeis, como a Nigéria ou os Camarões. No Sahel, zona de crises estruturais, coma eclosão de confli- tos facilitada por uma proliferação de armamento operada a partir da Líbia, mantêm-se, em parale- lo, antigas rivalidades tradicionais que tolhem ou arruínam soluções de compromisso e/mas faci- litam o estabelecimento na região de estruturas terroristas organizadas. Aditam-se os problemas da África ocidental – ambientais, resultando da desastrosa destruição de florestas tropicais e traduzidos numa urbanização desorganizada da pobreza e das epidemias, com a erosão de estru- turas sociais e culturais básicas de paz civil, a que se soma, porque encontra terreno fértil, um nar- cotráfico em sério crescendo, com a corrosão que causa em estruturas de governação já em si frá- geis ou doentes. As fronteiras herdadas da era colonial, per- pendiculares ao Atlântico, encontram-se cada vez mais sob pressão pela realidade social de países divididos horizontalmente por fidelidades tribais ou outras, e.g. religiosas, que antes os ligam a pa- íses vizinhos a norte – a Nigéria é “case study” fla- grante.Vive ainda o continente africano uma série de carências, de energia, motor de crescimento e de desenvolvimento que lhe falha, como de um comércio intra-africano, perdendo-se assim, e tra- ta-se apenas de exemplos, alavancas de fomento económico e pacificação de diferenças, condições que, somadas, o tornam persistentemente o pal- co de situações de instabilidade. As equações por definir ou resolver são, entretanto, entre outras, as de nada menores países. Vetores de fragmen- tação potencial, de má governação, de corrupção, de carência aguda de posicionamentos positivos regionais em termos de influência ou de interven- ção, de vulnerabilidade de economias dependen- tes de certos produtos, afetam tais países, não os transformando em elementos de estabilização geral, de tal passo mantendo-se uma dependên- cia exterior na resolução de questões que, no en- tanto, estruturas locais bem poderiam resolver. Algumas se esboçam, estando no entanto por de- monstrar a sua boa eficácia naquele sentido, de- masiadas rivalidades e agendas de sinal diferente entrando em confronto. Uma ausência de estruturas eficazes de segu- rança regional afeta igualmente a Ásia, no entan- to um continente onde os problemas dessa ordem são múltiplos e quase todos eles suscetíveis de provocarem contenciosos ou mesmo conflitos de nada pequena dimensão ou importância. Raros são os países deste continente que se não vejam em potencial confronto com outros, a autorregu- lação nesta matéria sendo quase inexistente. A China é apontada como foco particular de preo- cupação, pela sua dimensão e relevância política e económica e pelas suas ambições, de soberania e influência, a que o seu peso muito específico da- ria fundamento. Desenvolve o país, entretanto, as suas ligações ao Golfo de Bengala, ao Sri Lanka e Paquistão, como ao Irão e à margem sul da Penín-

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