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22 CADERNOS DE ANÁLISE E PROSPETIVA CULTIVAR N.º 22 ABRIL 2021 caso dos impactes ambien- tais da agricultura, que não são trocadas no mercado nem regulados por outros incentivos, a mão invisível já não nos conduz ao máximo de bem comum – resultado conhecido como falha de mercado. Resulta disto então a privatização dos benefícios (na forma de lucros privados, a que não são deduzidos os custos ambientais) com a coletivização dos custos ambientais (que ficam para ser suportados por terceiros), que não é justa e, sobretudo, não é eficiente. A falha de mercado, aceite pelos economistas das mais diversas tendências, requer intervenção do Estado. No caso que agora nos interessa, ela requer políti- cas públicas para lidar com as questões de susten- tabilidade ambiental em agricultura. Estas políticas podem assumir diversas formas, desde a simples regulamentação ambiental à diferenciação dos pro- dutos conforme a sua pegada ecológica, para melhor guiar os comportamentos de compra dos consumi- dores, passando pelos incentivos económicos dire- tos à produção de bens públicos ambientais pela agricultura. Alguma intervenção pública, assumindo uma das modali- dadesacima referidas, éassim necessária para proteger os serviços de ecossistemas em que se baseia a intensifica- ção sustentável. Igualmente, como vimos, também na área da política de investigação e desenvolvimento tecnoló- gico, o argumento do caráter público de grande parte do conhecimento agro-ecoló- gico implica um aumento significativo do investimento público para viabilizar o desenvolvimento da base científica necessária para uma intensificação de base ecológica. Bibliografia Bonny, S. e Daucé, P., 1989. Les nouvelles technologies en agriculture: une approche technique et économique. Cahiers d’Economie et Sociologie Rurales, 13, 5-33. Brown, L., 2004. Outgrowing the Earth: The Food Security Challenge in an Age of Falling Water Tables and Rising Temperatures. Earth Policy Institute. www.earth-policy. org/index.php?/books/out Royal Society, 2009. Reaping the benefits: science and the sustainable intensification of global agriculture. Londres: The Royal Society. Santos, J. L., 1996. Modelo técnico, espaço e recursos natu- rais. Os balanços energéticos da agricultura portuguesa (1953 e 1989). Anais do Instituto Superior de Agronomia, 45, 263-288. Vanloqueren, G. e Baret, P. V., 2009. How agricultural research systems shape a technological regime that develops genetic engineering but locks out agroecological innova- tions. Research Policy, 38, 971–983. Vitousek, P. M., Mooney, H. A., Lubchenco, J. e Melillo, J. M., 1997. Human domination of Earth’s ecosystems. Science, 277, 494–499. A falha de mercado, aceite pelos economistas das mais diversas tendências, requer intervenção do Estado. … requer políticas públicas para lidar com as questões de sustentabilidade ambiental em agricultura. Estas políticas podem assumir diversas formas, desde a simples regulamentação ambiental à diferenciação dos produtos conforme a sua pegada ecológica, para melhor guiar os comportamentos de compra dos consumidores, passando pelos incentivos económicos diretos à produção de bens públicos ambientais pela agricultura.

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