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O Complexo Agroflorestal na economia portuguesa – 2020 91 • O ano 2020 foi particularmente desfavorável para a economia no seu conjunto (PIBpm: ‑7,6% em volume e -5,3% em valor), em resul- tado da crise pandémica, tendo o VAB do setor agroflorestal (‑7,4% em volume e -6,6% em valor) assumido uma diminuição, com ambas as componentes agroalimentar e florestal a evoluir no mesmo sentido. Note-se que na aná- lise da variação do VAB deve ser tido em conta que se tratam de valores estimados, pelo que será necessária alguma prudência na análise dos mesmos tendo em conta a metodologia adotada (ver nota metodológica em anexo). • Quanto ao comércio internacional agroflorestal entre 2010-2020, as exportações têm vindo a crescer acima das importações (3,6% ao ano, face a 2,0% ao ano), com efeitos positivos no défice comercial, assumindo um ritmo de cres- cimento superior ao conjunto da economia. • Em 2020, em plena pandemia, o comércio inter- nacional agroflorestal sofreu quebras, embora de forma menos pronunciada que no conjunto da economia, tendo-se mesmo observado um crescimento das exportações agrícolas e agroin- dustriais. • Especificamente, o setor agrícola viu o cresci- mento do VAB em volume ser interrompido em 2020 (-10,4%), em resultado sobretudo de con- dições meteorológicas desfavoráveis no sector das frutas e da ocorrência de geadas e granizo e de ataques de míldio e escaldões no sector do vinho. • A produtividade do trabalho na agricultura tem evoluído de forma positiva em resultado sobre- tudo da redução acentuada do volume de tra- balho (-3,3% ao ano). • Especificamente em 2020, o indicador sofreu uma quebra de 5,1% em resultado da forte diminuição do VABpm em volume (-10,4%) atenuada pela redução do volume de trabalho agrícola (-5,6%). • O rendimento da atividade agrícola, que rela- ciona o VABcf, deflacionado pelo IPIB, com o volume de trabalho, tem evoluído de forma positiva desde 2010 (3,0% ao ano). Para essa evolução tem contribuído positivamente o cres- cimento do VABpm (0,8% ao ano), em valor, o aumento dos subsídios líquidos de impostos (1,0% ao ano) e a diminuição das UTAs (-3,3% ao ano). • Em particular, o ano de 2020 foi acompanhado de uma redução no rendimento da atividade agrícola (-3,2%) que terá resultado da combi- nação da forte diminuição no produto agrícola (VABpm em valor: -10,1%), embora atenuada pelo aumento dos subsídios líquidos de impos- tos (7,8%), da diminuição acentuada do volume de trabalho (-5,6%) e também do crescimento dos preços implícitos no PIB (2,5%). • Entre 2010 e 2019, o investimento na agricultura cresceu em volume, contrariamente à econo- mia no seu conjunto (1,7% face a -0,4% ao ano), que ainda não recuperou os valores anteriores à crise. 3. Análise da informação A) Evolução do Complexo Agroflorestal O Complexo Agroflorestal, que inclui uma compo- nente agroalimentar (agricultura e indústrias alimen- tares das bebidas e do tabaco) e uma componente florestal (silvicultura e indústrias florestais), tem um importante peso na economia nacional, enquanto recurso endógeno e produtor de bens transacio- náveis, representando 5,7% do valor acrescentado nacional (cerca de 10 mil milhões de euros a preços correntes), 11,8% do emprego (aproximadamente 581 mil pessoas empregadas), 15,6% das importa- ções e 14,6% das exportações (o peso mais elevado desde 2000) de bens e serviços. Entre 2010 e 2020, o VAB do Complexo Agroflorestal, em volume, cresceu a uma média anual de 0,2% em resultado do cresci- mento da componente agroalimentar (0,5% ao ano), uma vez que a componente florestal diminuiu (-0,5% ao ano). De notar que o crescimento do VAB agro- florestal em valor (0,9% ao ano), com crescimentos sucessivos a partir de 2012 e interrupção em 2020, deveu-se sobretudo à variação dos preços implícitos

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