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8 CADERNOS DE ANÁLISE E PROSPETIVA CULTIVAR N.º 23 AGOSTO 2021 vimento rural, particularmente a Política Agrícola Comum (PAC), convirá não perder de vista a inter- disciplinaridade associada à agricultura que pode trazer desafios suplementares a este tipo de análi- ses. As questões macroeconómicas, o comércio, a energia, o ambiente e as alterações climáticas, a bio- diversidade, saúde e nutrição são não só variáveis / parâmetros a recolher como também impulsionado- res do próprio processo de elaboração de políticas nesta área. Neste contexto, destacamos um relatório da Co- missão Europeia – Joint Research Center (JRC): Modelling environmental and climate ambition in the agricultural sector with the CAPRI model 1 que, por coincidência, foi publicado no momento final da edição deste número, o qual aborda de forma clara a importância e as limitações dos modelos de modelização disponibilizados pela Comissão para abordagem, neste momento de transição das polí- ticas com impacto na sustentabilidade dos sistemas alimentares. “ O relatório também assinala que as atuais ferramen- tas demodelização necessitamdemelhorias para nos ajudar a preparar futuras avaliações de impacto. Em particular, reflete as lacunas significativas que exis- tem na integração na análise da forma como o lado da procura da cadeia alimentar responderia às mu- danças necessárias do lado da procura e do lado da oferta. (…) Em muitos casos, estas últimas são também provo- cadas pela falta de dados. As limitações adicionais devidas à incapacidade de abarcar todo o alcance da transição para sistemas alimentares sustentáveis promovida pelas estratégias (por exemplo, mudança no funcionamento da cadeia de valor, impactos da degradação do solo, etc.) também impedem uma avaliação abrangente dos seus impactos.” Estas observações sobre as dificuldades de uma des- crição eficaz dos modelos da realidade em análise permitem ainda assim retirar algumas ilações sobre 1 https://op.europa.eu/en/publication-detail/-/publication/65064349-f0dd-11eb-a71c-01aa75ed71a1/language-en/format-PDF/ source-221790181 o papel da PAC no prosseguir dos objetivos políticos da União Europeia, mas alerta que as limitações exis- tentes podem condicionar a captação de mudanças endógenas específicas do setor, não contabilizando potenciais efeitos positivos quer diretos, quer indire- tos para o ambiente e clima. “As tecnologias implementadas durante os últimos cinco anos centraram-se na mitigação dos GEE [gases com efeito de estufa], impulsionadas pela importân- cia dada pela Comissão à ação climática. Algumas destas tecnologias também contribuem para o novo objetivo apresentado pelas estratégias F2F e BDS (por exemplo, tecnologias de aplicação de fertiliza- ção mineral). Contudo, há muito mais tecnologias e práticas agrícolas que poderiam ser incluídas, o que poderia contribuir para alcançar os objetivos, minimi- zando simultaneamente os impactos na produção. O desenvolvimento de novos aditivos alimentares que reduzem as emissões de GEE da pecuária, a redução da mobilização do solo, a florestação e a inclusão de faixas de proteç ão são algumas das tecnologias e práticas agrícolas em que o JRC já está a trabalhar, mas mais poder ão ser consideradas a médio prazo. Em qualquer caso, existem certas limitações metodo- lógicas que precisam de ser consideradas quando se introduzem tecnologias e práticas de gestão explíci- tas dentro de ummodelo económico.” A par desta citação é ainda de destacar a constatação que nas análises de natureza ambiental, bem como Sistema de produção tradicional emmosaico com vinha e hortícolas, Valongo Foto de Afonso Alves, Acervo do GPP

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