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14 CADERNOS DE ANÁLISE E PROSPETIVA CULTIVAR N.º 23 AGOSTO 2021 paisagens agrícolas (Swinton et al ., 2007 4 ). Assim, o apoio público à agricultura euro- peia centra-se tanto no forne- cimento de múltiplos servi- ços de ecossistema como na garantia de um nível de vida decente para os agricultores (e.g. Erjavec e Lovec, 2017 5 ; Matthews, 2013 6 ). Deste modo, níveis adequados e estáveis de rendimento agrícola são objetivos de política que refletem igual- mente o bem-estar dos agregados familiares agríco- las (Mishra et al ., 2002 7 ). Na União Europeia (UE), a reforma MacSharry da Po- lítica Agrícola Comum (PAC), de 1992, foi um passo importante no apoio ao rendimento agrícola, na medida em que houve uma transferência do apoio ao produto (através dos preços) para o apoio ao pro- dutor (através do apoio ao rendimento, nomeada- mente, por meio de pagamentos diretos). As etapas subsequentes da reforma da PAC foram associando cada vez mais o apoio a objetivos ou funções especí- ficas, por exemplo, no que toca a aspetos ambientais e sociais (e.g. OCDE, 2011 8 ; Matthews, 2018 9 ). No en- 4 Swinton, S. M., Lupi, F., Robertson, G. P. e Hamilton, S. K. (2007). Ecosystem services and agriculture: cultivating agricultural ecosystems for diverse benefits. Ecological Economics 64: 245–252. https://doi.org/10.1016/j.ecolecon.2007.09.020 5 Erjavec, E. e Lovec, M. (2017). Research of European Union’s Common Agricultural Policy: disciplinary boundaries and beyond. European Review of Agricultural Economics 44: 732–754. https://doi.org/10.1093/erae/jbx008 6 Matthews, A. (2013). Greening agricultural payments in the EU’s Common Agricultural Policy. Bio-based and Applied Economics 2: 1–27. https://doi.org/10.13128/BAE-12179 7 Mishra,A.K.,El-Osta,H.S.,Morehart,M.J.,Johnson,J.D.eHopkins,J.W.(2002).Income,wealth,andtheeconomicwell-beingoffarmhouseholds. AgriculturalEconomicReportNo.(AER-812).USDepartmentofAgriculture. https://www.ers.usda.gov/publications/pub-details/?pubid=41464 8 OCDE.(2011).EvaluationofAgriculturalPolicyReformsintheEuropeanUnion.OECDPublishing,Paris .https://doi.org/10.1787/9789264112124-en 9 Matthews, A. (2018). The EU’s Common Agricultural Policy Post 2020: Directions of Change and Potential Trade and Market Effects . Geneva: International Centre for Trade and Sustainable Development (ICTSD). http://web.uvic.ca/~kooten/Agriculture/EUPolicyMatthews(2018).pdf 10 Pe’er, G., Zinngrebe, Y., Moreira, F., Sirami, C., Schindler, S., Müller, R., Bontzorlos, V., Clough, D., Bezák, P., Bonn, A., Hansjürgens, B., Lomba, A., Möckel, S., Passoni, G., Schleyer, C., Schmidt, J. e Lakner, S. (2019). A greener path for the EU Common Agricultural Policy. Science 365: 449–451. https://doi.org/10.1126/science.aax3146 11 Esposti, R. e Sotte, F. (2013). Evaluating the effectiveness of agricultural and rural policies: an introduction. European Review of Agricultural Economics 40: 535–539. https://doi.org/10.1093/erae/jbt014 12 Tribunal de Contas Europeu. (2016). Apoio ao rendimento dos agricultores: o sistema da Comissão para medição do desempenho está bem concebido e assenta em dados fiáveis? Relatório Especial N.º 01 do Tribunal de Contas Europeu, Luxemburgo. (acesso à versão inglesa a 8 de Fevereiro de 2021) https://www.eca.europa.eu/Lists/ECADocuments/SR16_01/SR_FARMERS_PT.pdf 13 Britz, W. e Witzke, P. (2012). CAPRI model documentation 2012. In: ILR Instituto de Economia da Alimentação e Recursos. Bona: Universidade de Bona 14 Reidsma, P., Janssen, S., Jansen, J. e van Ittersum, M. K. (2018). On the development and use of farmmodels for policy impact assessment in the European Union—a review. Agricultural Systems 159: 111–125. https://doi.org/10.1016/j.agsy.2017.10.012 15 Thoyer, S. e Préget, R. (2019). Enriching the CAP evaluation toolbox with experimental approaches: introduction to the special issue. Euro- pean Review of Agricultural Economics 46: 347–366. https://doi.org/10.1093/erae/jbz024 tanto, verificou-se que o atual quadro político não aborda adequadamente questões essenciais de sustentabilida- de e não satisfaz as exigências da sociedade em matéria de desempenho ambiental (e.g. Pe’er et al ., 2019 10 ). Os obje- tivos ambientais, sociais e de rendimento estão in- trinsecamente ligados e, por conseguinte, devem ser abordados em conjunto. Para monitorizar diferentes aspetos do rendimento agrícola e avaliar os efeitos das intervenções de política no setor, os economis- tas agrícolas desenvolveram um vasto e sofisticado conjunto de instrumentos e bases de dados (e.g. Esposti e Sotte, 2013 11 ; Tribunal de Contas Europeu, 2016 12 ), incluindo abordagens estatísticas e experi- mentais, vários modelos ao nível da exploração, com base em operadores ou em setores, e uma recolha dedicada e abrangente de dados microeconómicos como a Rede de Informação Contabilística Agrícola (RICA) que abrange mais de 80 000 explorações agrí- colas em toda a UE (e.g. Britz e Witzke, 2012 13 ; Reids- ma et al ., 2018 14 ; Thoyer e Préget, 2019 15 ). … explorações agrícolas e agregados familiares agrícolas económica e socialmente viáveis são uma condição essencial para o fornecimento de uma vasta gama de serviços que se pretendem da agricultura

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