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Pastagens permanentes de sequeiro em Portugal 47 aplicada a todos os agricultores (Teixeira, 2010). Na alteração para métodos de controlo de matos não-destrutivos, os agricultores receberam 40 €/ha depois da realização da intervenção, tendo-se para o efeito estimado previamente a área em que os matos já estavam a ser controlados com métodos não-destrutivos. O valor a remunerar foi, também, resultado de negociação. No exemplo de avaliação dos SE do montado atrás descrito, para três dos SE prioritários (nomeadamen- te Sequestro de Carbono, Retenção de Nutrientes e Proteção do Solo) foi ainda possível quantificar a alteração no seu fornecimento entre os diferentes cenários. Assim, foi estimada a variação económica associada à alteração no for- necimento dos SE quer por abandono quer por intensi- ficação pecuária do sistema de montado com pastoreio extensivo. O método usado foi o de transferência de valor (que transfere informação existente para novos contex- tos, com os ajustamentos ne- cessários). Neste caso, a informação existente usada foi a seguinte: • O custo evitado, que se refere ao valor do pre- juízo evitado por via do fornecimento do serviço de ecossistema. No caso da Proteção do Solo, trata-se do custo de repor o solo erodido, e no caso da Retenção de Nutrientes, do custo de se purificar a água contaminada pela lixiviação de azoto. • O preço sombra, que se refere à estimativa do preço de carbono necessário para se atingir um determinado objetivo de redução de emissões num contexto de políticas climáticas. Aqui con- siderou-se o preço necessário para atingir as metas acordadas no Acordo de Paris para valo- rização do serviço de Regulação Climática por via do Sequestro de Carbono. 10 Projeto “Animal Future”, em que a IST-ID foi parceira e financiado pela FCT. Concluiu-se que a perda destes três SE por abandono da gestão domontado representa um custo anual de 194 €/ha no caso dos montados de sobro e de 112 €/ ha no caso dos montados de azinho. No cenário al- ternativo de intensificação destes sistemas agroflo- restais, nomeadamente por aumento excessivo do encabeçamento pecuário, o custo anual calculado ascende a 338 €/ha no montado de sobro e a 256 €/ ha no montado de azinho (Marta-Pedroso et al ., 2020). Com base nestes resultados, foram propostos dois modelos de remuneração dos serviços de ecos- sistemas: um eco-regime (novo mecanismo previsto na PAC 2021-2027) e um compromisso ambiental e climático. Em ambos os casos, há compromissos de boas práticas com base científica relevante, assumi- dos pelos produtores flores- tais na gestão dos montados. Participámos, também, num projeto 10 em que foi cons- truída uma ferramenta de apoio à decisão, baseada em indicadores, para avaliar e comparar os sistemas de produção animal europeus de acordo com os benefícios e custos induzidos por inovações, sendo as PSB uma das inovações abor- dadas. Alguns indicadores foram facilmente quanti- ficados (por exemplo, a autossuficiência alimentar de uma exploração agrícola ou a fração de subsídios no rendimento do agricultor) e outros foram mais subjetivos (por exemplo, o stresse apreendido pelo agricultor). Os sistemas de produção foram caracte- rizados por uma carteira custo-benefício (desempe- nho dos sistemas de produção animal nos diferentes temas da sustentabilidade) e foram usados modelos para simular os impactos quantitativos das práticas de inovação em diferentes escalas (da exploração agrícola à região). Foi também efetuada consulta a especialistas para se avaliar qualitativamente os im- pactos, a fim de considerar também mecanismos e indicadores que não podiam ser medidos. Prevê-se, no contexto do IST e da Terraprima, um desenvolvimento considerável na investigação científica da modelação integrada das PSB, visando a compreensão integrada do sistema solo-planta-animal.

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