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A agricultura de conservação e os seus impactos 55 vão-se degradando lentamente, oque resulta numau- mento do teor de MO do solo. O aumento nos primei- ros centímetros do perfil incrementa as reservas de nutrientes (Gonzalez, 1997; Rhoton, 2000), que podem ir sendo libertados gradualmente a umritmo diferente do que nos solos mobilizados (Fox e Bande, 1987). A prática da AC implica diversos benefícios em ter- mos das propriedades físicas do solo, o que contribui para a melhoria da sua estrutura, como a distribui- ção da dimensão dos agregados, o diâmetro médio ponderado e o índice de agregação (López-Garrido, 2010). Assim, como o solo permanece inalterado graças à supressão das operações de mobilização, a criação de galerias é favorecida em resultado da de- gradação das raízes, o que juntamente com a maior quantidade de minhocas num solo de AC, dá origem àquilo que é conhecido como bioporos, canais pre- ferenciais através dos quais a água se infiltra em pro- fundidade. A biodiversidade do solo tende a ser maior graças à presença de resíduos de culturas no solo no caso da SD, ou à existência de coberto vegetal (CV) nas cul- turas permanentes, o que permite ao solo ter condi- ções de fornecer alimento e abrigo a muitas espécies animais durante períodos críticos do seu ciclo de vida. É por isso que um grande número de espécies de aves, pequenos mamíferos, répteis e minhocas, entre outros, prosperam nestas zonas. Aspetos económicos O principal benefício económico direto do ponto de vista do agricultor provém da redução dos custos de produção, uma vez que o rendimento das culturas em AC é semelhante ao dos sistemas convencionais (Domínguez Giménez, 1997). Existem diversos estu- dos e experiências em Espanha em diferentes situa- ções agroclimáticas que corroboram esta redução de custos. González (2010) concluiu que os custos variáveis de uma cultura de girassol em AC são de 250,50 €/ha em comparação com 323,50 €/ha para uma cultura commobilização convencional (MC). Do mesmo modo, para uma cultura de trigo duro com MC, foi obtido um custo de 501,74 €/ha, em compa- ração com 458 €/ha para a cultura em SD. No âmbito do projeto LIFE+ Agricarbon, foram ana- lisados os sistemas de MC e a SD apoiada por agri- cultura de precisão (AC+AP). A poupança de custos foi de 9,5% no trigo, 21,6% no girassol e 15,4% nas leguminosas. Aspetos sociais A redução de custos e a melhoria da rentabilidade aumenta a competitividade das explorações, tor- nando a atividade agrícola sustentável ao longo do tempo, fixando a população nas zonas rurais e crian- do riqueza. Se uma atividade não é economicamente sustentável, não pode ser socialmente sustentável. Há estudos disponíveis, e.g. Arnal (2014), em que a redução do tempo de trabalho nas culturas é evi- dente. Somando todos os tempos de trabalho nas operações agrícolas de uma cultura (à exceção da ceifeira-debulhadora, que se pressupõe ser aluga- da), Arnal estimou que o tempo médio de trabalho necessário para as culturas analisadas (arvenses ex- tensivas) utilizando a sementeira direta é de 52% do tempo necessário na agricultura convencional. O menor número de horas de trabalho por hectare não deve ser visto como uma redução do emprego nas zonas rurais, uma vez que a utilização de mais tecnologia induz trabalho indireto e mais qualifica- do nas proximidades (concessionários de máquinas, oficinas, fatores de produção, etc.), transferindo emprego do setor agrícola para outros setores com maior valor acrescentado. Outro aspeto importante em termos sociais é que, ao exigir uma formação mais completa do agricultor, resulta numa maior consciência ambiental, uma vez que ele passa a estar consciente dos riscos que a ati- vidade agrícola implica e a conhecer técnicas para os reduzir. 3. Avaliação da sustentabilidade agrícola através da utilização de indicadores: algumas experiências Há, atualmente, na sociedade europeia um interesse crescente em tentar melhorar a relação entre produ-

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