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56 CADERNOS DE ANÁLISE E PROSPETIVA CULTIVAR N.º 23 AGOSTO 2021 ção agrícola e ambiente, o que passa pela inclusão da sustentabilidade ambiental nas prioridades co- munitárias, através da recuperação, preservação e melhoria da biodiversidade e da qualidade da água e do solo nos ecossistemas relacionados com a agri- cultura (PAC, 2014-2020). Existe um amplo consenso sobre a definição de “sustentabilidade agrícola” como uma atividade que satisfaz permanentemente um determinado con- junto de condições, durante um período de tempo indefinido. Estas condições estão relacionadas com o caráter multidimensional inerente ao conceito de desenvolvimento sustentável (World Commission on Environment and Development – WCED, 1987), para cuja consecução devem ser satisfeitos os três pilares de uma atividade sustentável (Elkington, 1998; Pope et al. , 2004): ser economicamente viável (pilar econó- mico); manter ou melhorar as condições e a vida dos trabalhadores rurais – riqueza gerada (pilar social); e proteger e atémelhorar o ambiente pela proteção do capital natural (pilar ambiental). Apesar da clara delimitação do conceito de sustenta- bilidade agrícola em três pilares, a sua quantificação através de indicadores é muito complexa (Bocks- taller et al ., 2009). Isto deve-se principalmente à hete- rogeneidade do processo de monitorização (Angevin et al. , 2017): diferentes contextos espaciotemporais, diferentes sistemas de cultivo e a possibilidade de fazer avaliações sobre a realidade atual ou cenários futuros. A isto, deve-se acrescentar a complexidade de interpretar a combinação de indicadores exigi- da neste tipo de análise (Gómez-Limón e Sánchez- -Fernández, 2010). A tendência atual é a de utilizar indicadores relacionados para conseguir obter um indicador composto, como acontece no caso das metodologias aplicadas por Stockle et al. (1994), An- dreoli e Tellarini (2000), Pizzaroli e Castellini (2000), Sands e Podmore (2000), Rigby et al. (2001), Van Calker et al. (2006) e Hajkowicz (2006). Asdificuldadesapresentadasexplicampor que razão, não obstante o amplo consenso académico sobre a necessidade de uma avaliação da sustentabilidade 1 https://inspia-europe.eu/ agrícola (Coteur et al. , 2016), não há acordo sobre a melhor forma de o fazer (Lichtfouse et al. , 2009). Isso acontece, apesar de esse ser um requisito inevitá- vel na conceção de políticas agrícolas e ambientais (Coteur et al. , 2016), uma vez que a sustentabilidade agrícola é uma garantia de futuro para as explora- ções agrícolas. Surgiram assim diversas publicações científicas em que se tenta avaliar a sustentabilidade agrícola através de índices (Binder et al. , 2010) e mo- delos (Paracchini et al. , 2015, Angevin et al. , 2017). Seguem-se algumas das experiências da AEAC-SV emprojetos relacionados com sustentabilidade agrí- cola, através da aplicação de boas práticas agrícolas (BPA) e sua avaliação por meio de indicadores. Projeto INSPIA : Iniciativa Europeia para uma Agri- cultura Produtiva e Sustentável (desde 2013) 1 A metodologia proposta nesta iniciativa visa reduzir as dificuldades acima descritas, com base na identi- ficação da importância a nível da exploração agrícola do grau de realização de cada um dos três pilares em que se baseia a sustentabilidade agrícola: econó- mico, social e ambiental. O seu principal objetivo é desenvolver uma equação/fórmula empírica para avaliar o grau de sustentabilidade de qualquer explo- ração agrícola no contexto europeu. Assim, a INSPIA dota os agricultores europeus de um “índice de sus- tentabilidade agrícola” que lhes permite obter uma agricultura produtiva sustentável através da moni- torização de diferentes tipos de indicadores de sus- tentabilidade (31 indicadores). Para isso, foram utili- zados indicadores económicos, sociais e ambientais de modo a detetar os aspetos em que é necessária uma mudança para melhorar a sustentabilidade de uma determinada exploração agrícola. Devido à inter-relação ambiental-social-económica, a INSPIA pode ser vista como um índice de natureza

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