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72 CADERNOS DE ANÁLISE E PROSPETIVA CULTIVAR N.º 23 AGOSTO 2021 consequências negativas para o ambiente, nomea- damente devido ao aumento do risco de lixiviação de nitratos ou de fósforo para as águas subterrâneas e escorrências para águas superficiais, assim como de emissões de óxido nitroso e de amónia para a at- mosfera. A monitorização do balanço de nutrientes no solo reveste-se de particular importância no âmbito da Estratégia do Prado ao Prato, tendo em conta a meta traçada de redução das perdas de nutrientes em, pelo menos, 50%, garantindo simultaneamente que não há deterioração da fertilidade dos solos. Em 2014, último ano em que o Eurostat publicou o balanço bruto de azoto para os 27 EM, Portugal com 45,0 kg N/ha SAU situava-se pouco acima da média da UE27 (44,4 kg N/ha SAU), posicionando-se a meio da tabela comparativamente aos restantes EM. A Ro- ménia foi o único país a apresentar um resultado ne- gativo do balanço bruto de azoto (-0,7 kg N/ha SAU), enquanto o Chipre foi o país com maior valor, com 194,3 kg N/ha SAU, seguido dos Países Baixos com 161,8 kg N/ha SAU. Também no balanço do fósforo, o ano de 2014 foi o último com informação disponível para a UE27. Por- tugal foi o sétimo EM com maior excedência de P/ha SAU (4 kg), acima da média da UE27 que foi de 0,8 kg P/ha SAU; o EM cujo balanço apresenta um resulta- do mais elevado foi o Chipre com 32,0 kg P/ha SAU, seguido de Malta com 30 kg P/ha SAU e da Irlanda com 20,5 kg P/ha SAU. Realça-se ainda que dez EM apresentaram balanços brutos de fósforo negativos. Em Portugal, o balanço bruto do azoto revela, para o período entre 1995 e 2019, um nível médio de azoto no solo de 42 kg N/ha de SAU. A comparação entre as quantidades de azoto incorporadas no solo e remo- vidas pelas culturas no período em análise permite apurar uma relação de 2:1, incorporando-se uma quantidade de azoto que é quase o dobro da remo- vida pelas culturas. As principais fontes de incorporação de azoto no solo são a fertilização e a aplicação de estrume e chorume. Para o período de referência de 1995 a 2019, em média, os fertilizantes minerais represen- taram 35,4% do total de azoto incorporado no solo, sendo a percentagem média de estrume e chorume incorporado de quase metade do total (48,4%). Os resultados do balanço bruto do fósforo em Portu- gal apontam, à semelhança do verificado no balan- ço do azoto, para uma excedência deste nutriente no solo, cerca de 6 quilogramas de fósforo por hectare de SAU. Em termos médios no período em análise, a remoção de fósforo pelas culturas representou 63,9% da incorporação deste macronutriente no solo. Para o período de referência de 1995 a 2019, a per- centagem média de fertilizantes fosfatados incorpo- rados no solo foi de 45,9% e a percentagem média de estrume e chorume incorporado foi de 53,7%. Tanto para o azoto como para o fósforo, a incorpo- ração através da aplicação de estrume e chorume supera claramente a incorporação através da ferti- Fonte: INE, IP Figura 3.3 – Incorporação e remoção de azoto do solo (1995-2019) Figura 3.4 – Incorporação e remoção de fósforo do solo (1995-2019) Incorporação     Remoção Incorporação     Remoção

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