cultivar_25_Investimento_agricultura

Alimentar o futuro: uma panorâmica do investimento em curso 59 estão a concentrar-se em inventar novos produtos para substituir a carne convencional 53 . Algumas das áreas mais promissoras são a carne à base de inse- tos, os novos substitutos de carne vegan e a carne de laboratório ou carne de cultura (Figura 1). A carne à base de insetos é feita de proteínas prove- nientes principalmente de grilos e larvas-da‑farinha (larvas de Tenebrio molitor ) 54 . Esta tendência tem algumas vantagens, como uma melhor conversão de energia e proteínas em comparação com a carne tra- dicional. Os alimentos à base de insetos têm maior potencial na alimentação animal do que na humana, devido às diferenças de sabor e textura em relação à carne tradicional e à perceção negativa dos consumidores na grande maioria dos países ocidentais em relação aos insetos como alimento. As duas tendências mais interessantes poderão ser os novos substitutos de carne vegan e a carne de laboratório. Os primeiros não requerem ingredientes animais, e o seu perfil sensorial aproxima-se muito mais da carne do que os substitutos tradicionais vegan /vegetarianos. A principal razão para isso é um processo de produção sofisticado que utiliza hemo- globina e ligantes extraídos das plantas através de fermentação. Em 2018, as startups desta área (por exemplo, a Impossible Foods, a JUST 55 , a Beyond Meat) tinham obtido mais de 900 milhões de dólares em financiamento, e os seus produtos estão já dis- poníveis tanto em supermercados como em restau- rantes. A carne de laboratório representa uma alternativa à carne tradicional, criada através de crescimento celular exponencial em biorreatores. A cultura de carne deverá representar uma grande oportunidade, embora se encontre numestado de desenvolvimento 53 https://www.nytimes.com/2019/10/14/business/the-new-makers-of-plant-based-meat-big-meat-companies.html 54 https://edition.cnn.com/2019/10/25/health/insects-feed-save-planet-wellness/index.html 55 https://thespoon.tech/a-peek-inside-just-foods-clean-meat-lab/ 56 https://www.theguardian.com/food/2020/jan/19/cultured-meat-on-its-way-to-a-table-near-you-cultivated-cells-farming-society-ethics ainda incipiente devido aos custos significativos que lhe estão associados. O processo começa com a extração de uma célula de um animal vivo que é depois cultivada em laborató- rio para estabelecer permanentemente uma cultura (chamada linha celular) 56 . As células podem provir de diversas fontes: biópsias de animais vivos, peda- ços de carne fresca ou bancos de células. As linhas celulares podem ter por base tanto células primárias como células estaminais. Uma vez selecionada uma boa linha celular, é introduzida uma amostra num biorreator, onde as células proliferam exponencialmente e podem ser colhidas. O resultado é carne que é quase indistinguível da carne ani- mal. Ainda não estão à venda produtos comerciais, mas esta técnica têm potencial para vir a abalar a multibilio- nária indústria mundial de carne. Estas são as duas tendências com maior potencial disruptivo e poderão atingir, respetivamente, 25% e 35% do valor do mercado global de carne em 2040 (Figura 1), graças ao elevado potencial comercial motivado pela grande semelhança com a carne “verdadeira”, um aspeto que as torna especialmente atrativas para o capital de risco. A carne de cultura, em particular, deverá triunfar a longo prazo, mas os novos substitutos de carne vegan serão essenciais na fase de transição. As mais avançadas empresas de novos substitutos de carne vegan estão sediadas nos EUA, sendo a Impossible Foods e a Beyond Meat das mais conhecidas: como vimos, já conseguiram obter várias centenas de milhões de dólares de investi- mento. Em 2019, a Impossible Foods obteve 300 milhões de dólares na série E, elevando o valor total do capital … os novos substitutos de carne vegan e a carne de laboratório. … são as duas tendências com maior potencial disruptivo e poderão atingir, respetivamente, 25% e 35% do valor do mercado global de carne em 2040 …

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