CULTIVAR 26 - Agricultura biológica e outros modos de produção sustentável
30 CADERNOS DE ANÁLISE E PROSPETIVA CULTIVAR N.º 26 SETEMBRO 2022 – Agricultura biológica e outros modos de produção sustentável forma a minimizar a expo- sição à incidência direta da radiação solar; • os tempos de regresso dos animais a um parque (tempos de repouso) seriam tão longos quanto possível e por forma a que, no período vegetativo, nenhuma planta fosse con- sumida antes de ter reconsti- tuído completamente a parte aérea, assim como as reservas que lhe permitirão encetar novo ciclo de crescimento; • o número de animais em pas- toreio em cada parque fosse o suficiente para induzir um nível mínimo de competição que lhes atenuasse o comportamento sele- tivo, no que toca às espécies consumidas durante o pastoreio. Paralelamente, no sentido de acentuar o esforço de salva- guarda e melhoria do solo, todas as operações de sementeira de pastagens e de forragens passaram a ser efetuadas exclusivamente em sementeira direta, tendo sido abandonadas as práticas de mobilização mínima, até aí também usa- das 7 . As várias fases do processo de alteração A concretização destas alterações da gestão ocorreu em maio de 2018, altura em que, após a tosquia e o diagnóstico de gestação, se formaram apenas dois rebanhos, ao invés dos quatro que normalmente seriam constituídos: o das ovelhas gestantes, com cerca de 750 animais, e o das ovelhas alfeiras, com 7 Este “princípio” apenas é transgredido em situações particulares, relacionadas como controlo domato em terrenos difíceis, cuja necessidade tem estado sempre associada ao cumprimento da norma da Condicionalidade relativa à presença de vegetação arbustiva nas parcelas, por forma a evitar penalizações. Da forma como Portugal encara esta questão decorrem consequências profundamente lesivas para os solos e para a biodiversidade, que deveriam convidar a um debate e a uma reflexão profundas. cerca de 1 300 animais. Foi com este grupo que se iniciou o processo, o que constituiu um desafio significativo, quer pela dificuldade em vencer velhos hábitos, nomeada- mente na vigilância do estado sanitário dos animais, quer por algumas dificuldades logísticas, principalmente na movimentação de um tão grande grupo de ani- mais entre os diferentes blocos da exploração, quase sempre através de estradas municipais (Imagem 1). Por se estar já no final do período vegetativo, as alte- rações à gestão apenas produziram efeitos sobre a produtividade das pastagens no outono seguinte, uma vez que, fora do período vegetativo, o maneio das pastagens é essencialmente umprocesso de ges- tão das existências de material vegetal. Durante o período vegetativo seguinte, e não obs- tante as dificuldades referidas e os naturais estor- vos decorrentes de uma tão vincada alteração Paralelamente, no sentido de acentuar o esforço de salvaguarda e melhoria do solo, todas as operações de sementeira de pastagens e de forragens passaram a ser efetuadas exclusivamente em sementeira direta. Imagem 1 – Aspeto da mudança de um grupo de animais, a obrigar ao corte da estrada
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