CULTIVAR 26 - Agricultura biológica e outros modos de produção sustentável

32 CADERNOS DE ANÁLISE E PROSPETIVA CULTIVAR N.º 26 SETEMBRO 2022 – Agricultura biológica e outros modos de produção sustentável da anterior divisão, conseguiu-se lograr, para já, um ligeiro aumento dos tempos de pastoreio de cada um deles, donde decorreu um aumento dos respeti- vos tempos de repouso 9 . Resultados visíveis e esperados Do ponto de vista de uma análise quantificada, mais aprofundada, aguarda-se ainda pelo tratamento da informação recolhida no campo, pelas equipas do LIFE Desert-Adapt, sobre a evolução do solo nas áreas de pastagem, não sendo possível aferir de forma mais objetiva os resultados das alterações descritas. Não obstante, dispõe-se de um conjunto de observações indiretas que permitem ante- cipar alguns dos efeitos espe- rados, assim como algumas dúvidas e desafios sobre as evoluções futuras. Do ponto de vista dos efeitos, além da referida redução da necessidade de suplementa- ção dos animais, observou-se uma redução na necessidade de utilização de desparasi- tantes, confirmada por análi- ses coprológicas periódicas, a revelarem contagens parasi- tárias insignificantes que têm possibilitado poupanças sig- nificativas. Esta redução da carga parasitária dos animais é compatível com os efeitos esperados do aumento dos tempos de regresso dos ani- mais a uma mesma parcela na eventual perturbação e quebra dos ciclos dos parasitas. Outro efeito visível prende-se com a proteção do solo contra a incidência direta da radiação solar, pelos graus de cobertura elevados que se têm conse- guido alcançar. Daqui também se esperam impactos 9 Estas variáveis estão diretamente relacionadas, porquanto o tempo de repouso de um parque é o somatório dos tempos de pastoreio de todos os restantes parques. positivos, quer na conservação da matéria orgânica do solo, quer na melhoria da micro e macrobiologia do solo. Existem também algumas questões ainda em aberto, sendo a principal a evolução da composição florística das pastagens. Há, no entanto, que referir que esta perceção talvez esteja condicionada por um determinado “padrão” do que deverá ser a com- posição florística ideal de uma pastagem, em que o consenso nacional aponta quase sempre para uma pastagem rica em leguminosas. Embora não esteja no âmbito deste texto a discussão deste quase paradigma, há que assinalar que, noutros espaços geo- gráficos, não aparenta ser este o entendimento domi- nante, ficando aberto espaço para se considerarem como “boas” pastagens, comunida- des vegetais com dominância de outras famílias, nomeada- mente gramíneas ( Poaceae ). Ainda a este respeito, grande parte da bibliografia sobre estas metodologias de ges- tão da pastagem refere a pre- sença progressiva de espé- cies vivazes, nomeadamente gramíneas, com dormência estival. Neste caso, eventual- mente pelo pouco tempo decorrido, ainda não se con- segue saber se tal efeito se faz sentir. Outra questão relevante prende-se com a dificul- dade de disseminar este tipo de metodologias entre as comunidades de agricultores. Estes, quase sempre com insuficientes conhecimentos técnicos, são muitas vezes condicionados por mensagens de cariz mais comercial do que agronómico. Esta questão, associada ao carácter contraintuitivo de Do ponto de vista de uma análise quantificada, mais aprofundada, aguarda-se ainda pelo tratamento da informação recolhida no campo, pelas equipas do LIFE Desert-Adapt, sobre a evolução do solo nas áreas de pastagem. Do ponto de vista dos efeitos, além da referida redução da necessidade de suplementação dos animais, observou-se uma redução na necessidade de utilização de desparasitantes. Outro efeito visível prende-se com a proteção do solo contra a incidência direta da radiação solar.

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