CULTIVAR 26 - Agricultura biológica e outros modos de produção sustentável

Na procura da sustentabilidade: percursos de uma exploração agropecuária do concelho de Mértola 33 algumas das práticas 10 , acon- selha a que uma estratégia de melhoria da produtivi- dade das pastagens, por via de alterações à gestão, deva ser acompanhada por algum tipo de aconselhamento téc- nico fundamentado. Por último, uma referência ao potencial que estas alte- rações à gestão encerram, para a melhoria da produti- vidade das pastagens e como forma de contrariar o elevado grau de risco e de incerteza que, como referimos, está associado à instalação ou melhoria de pastagens de sequeiro. A produtividade de uma pastagem é função de determinados fato- res, entre os quais estará certamente a composição florística, o estado do solo (pH, níveis de fósforo, toxicidades, etc.), mas também, e seguramente, a forma como essa pastagem é gerida. Assim, e pela experiência acumulada ao longo destes quatro anos de um novo modelo de ges- tão, é nossa perceção que de pouco adiantará investir em sementes, adubos, cor- retivos, trabalho, etc. se nos limitarmos a esperar que os processos aconteçam “natu- ralmente”, ou seja, sem gerir ativamente as comunidades vegetais que se querem – e precisam – melhorar. Existe atualmente conhecimento sobre boas prá- ticas de gestão de pastagens, em contextos muito adversos e que se agravarão com as alterações climáticas. Existem também casos de sucesso a nível europeu de medidas de política baseadas em resultados. Importa, assim, trabalhar na construção 10 É o caso, por exemplo, da necessidade de reduzir os tempos de pastoreio nos períodos de maiores taxas de crescimento vegetal, no sentido da redução dos tempos de repouso, o que faz com que, muitas vezes, os animais mudem de parque quase sem se ter dado pela sua presença no parque de onde saíram. de políticas mais eficazes e eficientes na gestão dos espaços agro-silvo-pastoris dos territórios com maiores condicionantes naturais, mas com elevado valor natural e patrimonial. E nunca perder de vista que estes territórios têm capacidade de criação de riqueza, fundamental para a sua gestão, assim tenham os instrumentos de políti- cas mais adequados às suas especificidades. De entre estes instrumentos, e no âmbito do que é descrito neste texto, destacaríamos (i) o apoio ao investimento, para aquisição dos equipa- mentos e infraestruturas necessárias à operacionali- zação das práticas de gestão (água, vedações, etc.), (ii) o pagamento das externalidades positivas não reconhecidas pelo mercado, através de uma medida baseada em resultados e (iii) a disponibilização de apoio técnico aos agricultores aderentes. Do que nos é dado ver, a polí- tica agrícola, tal como vem sendo aplicada em Portugal, tarda em interiorizar estas constatações e, até agora, insiste em fomentar a insta- lação, financiando sementes, adubos, etc., sem curar da gestão a que as áreas bene- ficiadas serão sujeitas. Esta abordagem, mais simples do ponto de vista administrativo, representa um uso pouco eficiente dos dinheiros públicos e, muitas vezes, uma fonte de problemas e de desilusão para os agricultores, correndo o risco de cair na caricatura de “atirar dinheiro para cima dos problemas”. Outra questão relevante prende-se com a dificuldade de disseminar este tipo de metodologias entre as comunidades de agricultores. Estes, quase sempre com insuficientes conhecimentos técnicos, são muitas vezes condicionados por mensagens de cariz mais comercial do que agronómico. … uma estratégia de melhoria da produtividade das pastagens, por via de alterações à gestão, [deve] ser acompanhada por algum tipo de aconselhamento técnico fundamentado. Existem também casos de sucesso a nível europeu de medidas de política baseadas em resultados. Importa, assim, trabalhar na construção de políticas mais eficazes e eficientes na gestão dos espaços agro-silvo- pastoris dos territórios com maiores condicionantes naturais, mas com elevado valor natural e patrimonial.

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