CULTIVAR 26 - Agricultura biológica e outros modos de produção sustentável
73 Produção sustentável de alimentos: da perceção do consumidor à ciência e tecnologia na intensificação sustentável JOÃO CARDOSO Diretor executivo da ANIPLA – Associação Nacional da Indústria para a Proteção das Plantas Introdução Enquanto sociedade global vivemos dias de forte mudança e necessidade de adaptação a grandes e diversos desafios. Por um lado, temos uma procura cada vez maior de alimentos, por via do aumento da população mundial e da alteração dos hábitos de consumo em direção a dietas cada vez mais equilibradas nos países em desenvolvimento. Por outro, existe o desafio da adaptação às alterações climáticas que levam a população e a classe política a quererem uma agricultura cada vez mais sustentá- vel, commenor nível de inputs agrícolas e commaior área de agricultura biológica, atendendo aos contor- nos que a Estratégia do Prado ao Prato, da Comissão Europeia, vai tomando. Assim, a tarefa da produção de alimentos é hoje mais complexa do que nunca, quer por toda a tecnolo- gia que envolve (cada vez mais os agricultores e as empresas agrícolas têm à sua disposiçãomais tecno- logias para gerir todos os fatores de produção e ade- quarem a gestão da água e do solo às necessidades da sua cultura, contando, também, com o apoio de técnicos cada vez mais capacitados para que cada hectare de terra seja o mais bem aproveitado possí- vel), quer pelas condicionantes que a Estratégia do Prado ao Prato impõe à aplicação e utilização dessas mesmas tecnologias. É igualmente complexo pelo lado político e social, o qual, influenciado por uma visão cada vez mais urbana e desfasada da realidade agrícola, adota posições que dificultam o acesso a tecnologia essen- cial para o sucesso das colheitas e para se atingir os desígnios de uma agricultura mais sustentável. Estes desafios são encarados pela indústria fitofar- macêutica com o lema “ more with less ” ou “fazer mais commenos”, que assenta no conceito da inten- sificação sustentável, em que cada hectare de terra arável deve ter maior rendimento, tendo por base a ideia que aumentar a área agrícola já existente é inaceitável, porque será, forçosamente, conquistada a habitats sensíveis e de elevado valor ecológico, contribuindo para a perda de biodiversidade. Esta necessidade é demonstrada pelas estatísticas da FAO, uma vez que a quantidade de terra arável, que é um recurso finito, per capita tem diminuído desde 1961 de 0,45 ha para 0,21 ha em 2016 [1] .
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