CULTIVAR 26 - Agricultura biológica e outros modos de produção sustentável
7 Este número da Cultivar agrega um conjunto de aná- lises sobre os modos de produção sustentável com um destaque para a agricultura biológica, a qual tem um sistema mais regulado a nível europeu e interna- cional. No quadro dos objetivos do Pacto Ecológico Euro- peu são estabelecidas metas específicas relaciona- das com a produção agrícola e os sistemas alimen- tares. A Lei do Clima, a Estratégia do Prado ao Prato e a Estratégia para a Biodiversidade têm regulamen- tação específica e metas que exigem uma adaptação tecnológica e das práticas produtivas. A redução da aplicação de produtos fitofármacos, de fertilizantes e de antimicrobianos, a par da necessi- dade de a agricultura ter de contribuir para atingir a neutralidade carbónica, consubstanciam a nova orientação estratégica da União Europeia (UE) para a transição ecológica do seu sistema agroalimentar. A agricultura biológica surge como uma importante parcela instrumental nesta transição, estabelecida pelo Pacto Ecológico Europeu, pretendendo-se alcançar a meta de 25% da Superfície Agrícola Útil para a UE em 2030. Os custos de adaptação desta transição, os limites das tecnologias disponíveis e a insuficiência dos níveis de produtividade destes modos de produ- ção, caso da agricultura biológica, têm gerado algu- mas dúvidas sobre a capacidade de a agricultura europeia responder, nos prazos previstos, a estes desafios. Estas dúvidas ganharam uma atualidade acrescida com as pressões inflacionistas no custo da alimentação, no contexto pós-Covid e do conflito Ucrânia-Rússia. Existe assim a necessidade de encontrar um equilí- brio, ou mesmo um trade-off em certas regiões, entre a garantia do abastecimento com alimentos de qua- lidade e a preços acessíveis, a uma população mun- dial em crescimento, e a produção sustentável. Tal só será possível com uma aceleração substancial no crescimento da produtividade para eliminar simul- taneamente a fome global (que tem aumentado nos últimos anos) e colocar a agricultura no caminho de contribuir para alcançar a meta de redução dos gases com efeito de estufa (GEE) do Acordo de Paris, o que lhe aumentará a viabilidade a prazo. Neste quadro, encontramo-nos num período de transição em que é fundamental aumentar a produ- tividade agrícola, incluindo Investimentos públicos e privados em inovação, I&D e infraestruturas, bem como implementar políticas para fomentar a adoção de novas tecnologias sustentáveis e permitir a transfe- rência de conhecimentos, tecnologia e competências. Editorial EDUARDO DINIZ Diretor-geral do GPP
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