CULTIVAR27

Custos de contexto na agricultura: uma análise provocadora e realista 29 1. Desburocratizar a produção e os seus 1001 regulamentos, permitindo talvez que a segurança alimentar seja um pouco menos restrita, mas simultaneamente mais ajustada à realidade mediterrânica e aos potenciais produtivos de cada região; 2. Incentivar a criação de mercados de fatores de produção e de produtos agrícolas mais transparentes e menos assentes em oligopólios de distribuição – talvez tal obrigue a mercados multinacionais; 3. Apostar em bens públicos / infraestruturas que garantama água e o acesso simples emais barato a energia. No caso português, as autoestradas da água, o projeto Médio Tejo parecem-me excelentes pontos de partida; 4. Apostar em mecanismos de controlo das intempéries associados a soluções técnicas e físicas, bem como a instrumentos de seguro mais flexíveis; 5. Reforço de sistemas de geração de energia nas unidades de exploração. Vale a pena recordar o caso da Nova Zelândia no final do século passado. Este país empreendeu uma transformação agrícola, deixando de ter uma agricultura (tão) subsidiada. O Estado continua presente e há outros tipos de apoios, muito em linha com o indicado acima. Interessa por isso avaliar quais as condições políticas e económicas necessárias para fazer esta alteração de paradigma. Dos vários depoimentos, creio que posso sistematizar as alterações nos seguintes pontos: 1. Apoio político à transformação efetuada; 2. Crise económica (para demover algumas vontades); 3. Governo sem eleitorado rural relevante (logo sem desgaste político); 4. Processo transparente e mensurável; 5. Desregulamentação por fileira ao invés de desregulamentação por setor; 6. Poucas preocupações ambientais (estavamos na década de 80 e 90). Nada disto, tanto em objetivos como em método, creio, será bem aceite no espaço europeu. Mas as ideias vão fazendo o seu caminho, provocando o debate e a avaliação dos seus argumentos. Uma coisa é certa, mesmo que se mantenha o modelo atual de apoio à produção, podemos reconhecer que os apoios têm custos e que talvez o melhor seja fazer menos e não apoiar tanto o setor agrícola.

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