Cultivar_28

130 CADERNOS DE ANÁLISE E PROSPETIVA CULTIVAR N.º 28 JUNHO 2023 – Estruturas agrárias noutras regiões, nomeadamente Ásia, Médio Oriente e Norte de África, Oceânia, América Latina e Caraíbas, assistiremos a um ponto de viragem da criação de explorações agrícolas para uma fusão generalizada. O ponto de viragem ocorrerá igualmente na África Subsariana, embora mais tarde neste século. Este mundo, em que um número significativamente menor de grandes explorações agrícolas substitui numerosas explorações mais pequenas, acarreta grandes benefícios e grandes riscos para a espécie humana e para os sistemas alimentares que a sustentam.” No destaque em inglês feito pela Universidade do Colorado, salienta-se que isto acontece porque “à medida que a economia de um país cresce, mais pessoas migram para as zonas urbanas, deixando menos pessoas nas zonas rurais para cuidar da terra.” Esta mudança já está a ocorrer em muitas zonas do mundo, enquanto, para outras comunidades, o ponto de viragem poderá começar por volta de 2050, prolongando-se até ao final do século. Os benefícios incluem maior produtividade do trabalho e crescimento económico, assim como uma melhoria nos sistemas de gestão, mas sobretudo a existência de “melhores oportunidades económicas para as pessoas e [maior] capacidade de estas escolherem o seu próprio percurso profissional dentro ou fora do setor agrícola”, escapando a situações de pobreza. Os riscos passam não só pela perda de biodiversidade e de variedade de culturas, mas também pelo abastecimento alimentar, já que as pequenas explorações, embora correspondam a apenas 25%, um quarto, da superfície agrícola total, são responsáveis por 33%, um terço, desse abastecimento. Outro risco é a perda do conhecimento local tradicional, substituído pelas novas tecnologias e mecanização. Além disso, a menor dimensão e maior diversidade destas pequenas explorações pode dar-lhes maior capacidade de resistência a diversos tipos de choques (e.g. sanitários ou climáticos). Para fazer este trabalho, o autor “utilizou dados da FAO relativos a superfície agrícola, PIB per capita e dimensão da população rural em mais de 180 países”. Nesta sensibilização para o que poderão ser as tendências globais futuras no setor agroalimentar, ele “espera que a sua análise possa conduzir a políticas que garantam a conservação da biodiversidade, mantenham a resistência ao clima, preservem o conhecimento local e proporcionem incentivos para melhorar a economia rural em todos os países do mundo.”

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