45 Os números do Recenseamento Agrícola 2019* RUI TRINDADE E RUI PEREIRA Direção de Serviços de Estatística, Gabinete de Planeamento, Políticas e Administração Geral (GPP) * Instituto Nacional de Estatística - Recenseamento Agrícola. Análise dos principais resultados: 2019. Lisboa: INE, 2021. Disponível na www: <url:https://www.ine.pt/xurl/pub/437178558>. ISBN 978-989-25-0562-6. Todos os quadros, gráficos e figuras foram elaborados pelo GPP a partir de dados do INE referentes a: RA 2019, 2009, 1999, 1989 e, quando assinalado, Inquérito à Estrutura das Explorações Agrícolas (IEEA) 1993 a 2016, e Estimativas de População Residente. Introdução Nas últimas décadas, o setor agrícola atravessou, contínua e prolongadamente, um processo de mudança em resultado de um conjunto alargado de fatores, quer internos quer externos, entre os quais se podem evidenciar: • As características sociais e naturais que informam o contexto da realidade agrícola local com particular destaque para fatores como a distância a centros urbanos e a redução da oferta de serviços básicos, o nível de integração e a relevância económica da atividade florestal, a concentração/dispersão da propriedade, o relevo, o clima e as características do solo, entre outros. • A concorrência intersetorial resultante do processo de desenvolvimento e modernização socioeconómica, terceirização da economia, com setores que permitem remunerações dos fatores mais atrativas que os sistemas agrícolas tradicionais. • A concorrência intrasetorial cada vez mais intensa, quando os diferentes tipos de agricultura se integram em espaços económicos cada vez mais vastos e com menos proteções de mercado. • As políticas públicas, com particular destaque para as que resultam da aplicação nacional da Política Agrícola Comum (PAC), com estímulos e objetivos diferenciados, dos quais se podem realçar os estímulos à produção, ou à não produção, à multifuncionalidade, à extensificação, ao investimento, à conservação ambiental — seja a preservação de recursos naturais, seja a promoção da biodiversidade —, ao uso parcimonioso de fatores de produção, à pequena agricultura e muitos outros. Este conjunto de fatores tem exercido pressão sobre os sistemas de produção, e sobre os produtores, com efeitos diferenciados na sua sustentabilidade e com alterações significativas nas funções de utilização dos fatores de produção — trabalho, terra e capital. Estas alterações deram origem, igualmente, a um conjunto de dinâmicas de alteração do uso destes fatores estruturais das explorações com impactos também diferenciados.
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