8 CADERNOS DE ANÁLISE E PROSPETIVA CULTIVAR N.º 28 JUNHO 2023 – Estruturas agrárias O foco desta análise está na viabilidade das estruturas agrárias em Portugal nas suas três vertentes de análise: económica (dimensão física e dimensão económica; inviabilidade e abandono; territorialização, caracterização dos tipos de agricultura); ambiental (uso do solo e dos vários recursos; extensificação vs. intensificação; questão climática); e social (questões etárias; emprego). Assim, na secção Grandes Tendências, depois do texto de reflexão referido, Joaquim Cabral Rolo, parte do pressuposto de que “não há campo sem (a)gentes, nem políticas rurais não alicerçadas no que são os agentes” e afirma a convicção de que “ter em conta a racionalidade económica dos que tomam as decisões na/sobre a exploração é condição essencial no delineamento ajustado de medidas de política”. Para isso, elabora uma análise a partir de apuramentos específicos de dados do INE, estabelecendo uma classificação das modalidades da agricultura nacional segundo uma grelha própria que inclui diversos parâmetros. Chega deste modo a algumas conclusões interessantes, que são analisadas com maior detalhe nesse texto inicial de reflexão. No breve artigo de Gonçalo Santos Andrade, da Portugal Fresh, defende-se o aumento e a modernização da área de regadio, bem como “a necessidade de os produtores estarem organizados e criarem uma verdadeira escala de oferta”. O autor afirma que só assim será possível aumentar a competitividade do setor das frutas, hortícolas e flores, tanto a nível do mercado interno como a nível internacional. Refere ainda o problema urgente da renovação geracional dos produtores singulares, sublinhando o facto de mais de metade destes terem idade igual ou superior a 65 anos (para uma idade média de 64 anos). Júlia Seixas, da Universidade NOVA de Lisboa, estabelece a ponte entre a evolução dos sistemas de produção em Portugal, revelada pelo RA 2019, e a necessidade de abordar questões urgentes de gestão dos recursos terra, água e energia. Sublinha a extrema complexidade do nexus energia-água-alimentos, “resultando do cruzamento entre tecnologias, recursos naturais disponíveis, hábitos culturais, valores e preferências individuais, disponibilidade económica, contexto macroeconómico, inovação e psicologia de comportamento, entre outros”, acrescentando que são necessárias abordagens inovadoras para enfrentar os desafios do futuro e apresentando algumas dessas novas maneiras de olhar para velhos problemas. A abrir a secção Observatório, o artigo de Rui Trindade e Rui Pereira, do GPP, faz uma análise sucinta e uma descrição dos principais indicadores do RA 2019 (relativos a número de explorações agrícolas, natureza jurídica, dimensão económica, Orientação Técnico-Económica, superfície ocupada, superfície florestal, superfície regada e irrigável, efetivo animal, mão-de-obra, Valor da Produção Padrão, ou Modo de Produção Biológico), destacando as mais importantes características da evolução estrutural recente da agricultura portuguesa sob estes aspetos. Foi uma versão preliminar deste documento que foi enviada aos nossos convidados nesta edição da Cultivar, para que, a partir dos números nele contidos, elaborassem as suas próprias análises, segundo a vertente que lhes parecesse mais profícua. O artigo de Laura Fonseca et al., também do GPP, atualiza um estudo anterior realizado no âmbito do Programa Nacional da Política de Ordenamento do Território (PNPOT), altura em que foi criada uma Fotografia de Artur Pastor – Estudos biométricos para melhoramento do arroz, Posto Experimental do Vale do Tejo, Salvaterra de Magos, 1953. Acervo do GPP
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