Cultivar_3_Alimentação sustentável e saudávell

A economia do bacalhau – cadeia de valor, mercados e dependência 77 Após a adesão à CEE, em 1986, o mercado será defi- nitivamente liberalizado. Em consequência, as cap- turas irão decair significativamente e a importação irá continuar a assumir papel central no abasteci- mento de bacalhau salgado. A indústria de secagem deixará de contar com o bacalhau de origem nacional (os último lugres saí- ram em 1974; o arrasto mostra-se muito mais voca- cionado para os produtos congelados semitransfor- mados, como os filetes ou o posteado, entre outros), passando a depender em exclusivo de matéria- -prima importada, em verde, e, no final dos anos 90, sobretudo de peixe congelado, tipicamente sem cabeça e sem víscera. 2. A cadeia de valor do bacalhau em Por- tugal A estrutura da cadeia de valor para o bacalhau em Portugal, na atualidade, é relativamente complexa, embora a sua distribuição no território seja bem identificável. A entrada de bacalhau em Portugal é concretizada por três linhas diferentes, por ordem de importância relativa: a importação, as aquisições internas (atra- vés de parceiros ou concorrentes que entretanto a importaram) e a produção nacional de pesca (ou captura nacional). A exportação, em crescendo nos últimos anos, não será abordada no contexto deste texto. Uma parte ínfima, proveniente da captura nacional, entra diretamente no mercado de consumo nacio- nal, em congelado tal-qual. Do pescado capturado, proveniente da atividade dos navios que operam dirigidos ao bacalhau (cerca de 4mil tone- ladas, bem longe dos tempos épicos da Grande Pesca), esti- ma-se que entre 30 a 50% venha a ser absorvido pela indústria transformadora, em quantida- des variáveis conforme as cam- panhas e conforme a situa- ção do mercado. É, em maioria de caso e representando cerca de 1,4% da componente EPS 2 entrada, destinado à filetagem e congelação, enquanto os res- tantes 50 a 70% serão dirigidos 2  EPS – Estimativa de peso à saída de água 1944 1948 1952 1955 1958 1962 1973 1981 1998 Pesca Importado Seco Importado Verde 80000 70000 60000 50000 40000 30000 20000 10000 0 (toneladas) Gráfico 1 – Evolução Comparativa entre Pesca, Produção e Importação Fonte: Relatórios da CRCB e do GEP (1951 a 1981) Dados Técnicos DGPA, não publicados (1998) Mercado local Grossistas Comércio Retalhista tradicional Restauração e Catering Mercado externo (exportação) Companhias exportadora Mercado externo (importação) Pesca do Largo Grande Retalho Ind. Bacalhau (salga, secagem, demolha) Ind. Congelados Empresas nacionais na Gafanha da Nazaré e envolvente de Lisboa Áreas metropolitanas e centros urbanos Empresas em pólos concentrados Figura 2 – Estrutura da cadeia de valor para o bacalhau em Portugal Fonte: Fernando Chagas Duarte (2009)

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