58 CADERNOS DE ANÁLISE E PROSPETIVA CULTIVAR N.º 30 ABRIL 2024 – Melhoramento e técnicas genómicas Ao contrário das PGM, a edição genética permite a modificação precisa de genes da própria planta sem a introdução de DNA estranho. Esta distinção não só atenua as preocupações em torno das alterações genéticas não intencionais, mas também contorna alguns obstáculos regulamentares associados aos OGM. A edição genética é uma promessa imensa para o melhoramento das culturas, permitindo aos criadores melhorar características como o rendimento, a qualidade nutricional e a resiliência a stresses bióticos e abióticos com uma precisão incomparável. Exemplos de plantas obtidas por edição genética são um trigo com reduzido teor de glúten, potencialmente mais seguro para indivíduos com doença celíaca ou sensibilidade ao glúten. A edição genética tem sido também utilizada para aumentar a tolerância à seca em diversas espécies de culturas, incluindo arroz, milho e soja com o objetivo de desenvolver culturas capazes de suportarem condições de escassez de água, mitigando assim os impactos da seca na produtividade agrícola. A qualidade nutricional das culturas tem também sido modificada por edição genética. Por exemplo, foram obtidas plantas de arroz com uma maior biodisponibilidade de nutrientes essenciais, como ferro, zinco e vitaminas, colmatando as deficiências de micronutrientes prevalecentes em regiões onde o arroz é um alimento básico. A resistência a doenças e a redução do impacto ambiental das atividades agrícolas são outros aspetos em que a edição genética é muito promissora. A legislação relativa à cultura de plantas geneticamente editadas varia consoante o país e depende do tipo de alteração provocada no DNA da planta modificada. Ao contrário das PGM, as plantas editadas geneticamente muitas vezes não se encaixam nos mesmos quadros regulamentares, uma vez que não envolvem a introdução de DNA estranho. Esta distinção alimentou o otimismo para o rápido desenvolvimento e comercialização de variedades de culturas geneticamente editadas e adaptadas para enfrentar desafios agrícolas prementes. Nos Estados Unidos, o controlo da cultura e comercialização de plantas geneticamente editadas e dos seus produtos está sob a jurisdição de três agências governamentais: o Departamento de Agricultura dos EUA (USDA), a Agência de Proteção Ambiental (EPA) e a Food and Drug Administration (FDA). Na União Europeia, encontra-se em fase final de discussão, e aprovação, espera-se, uma proposta legislativa que divide as plantas geneticamente editadas em duas categorias. As de Categoria I são aquelas em que as modificações são reduzidas e que se podem assemelhar às alterações que poderiam ser obtidas por métodos clássicos de melhoramento. Na Categoria II serão incluídas plantas com modificações mais profundas e a legislação será mais semelhante à que atualmente se aplica às PGM. Alguns países, como a Argentina e o Brasil, adotaram abordagens mais flexíveis para a regulamentação de culturas geneticamente editadas. Convém referir que a edição genética pode ser obtida por vários processos e que é uma tecnologia em constante evolução, havendo atualmente sistemas de edição muito mais eficazes que a CRISPR‑Cas9, esperando-se que no futuro a edição possa ser utilizada de forma ainda mais precisa e eficaz, não apenas na agricultura, mas também em áreas como a medicina e a biotecnologia industrial. Em jeito de conclusão, pode dizer-se que as novas tecnologias genómicas estão a revolucionar o melhoramento de plantas, melhorando a precisão, acelerando o desenvolvimento de características, expandindo a diversidade genética, permitindo a tomada de decisões baseada num grande número de dados e facilitando o desenvolvimento de soluções … a edição genética permite a modificação precisa de genes da própria planta sem a introdução de DNA estranho. Convém referir que a edição genética pode ser obtida por vários processos e que é uma tecnologia em constante evolução, havendo atualmente sistemas de edição muito mais eficazes que a CRISPR‑Cas9…
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