Cultivar_30

80 CADERNOS DE ANÁLISE E PROSPETIVA CULTIVAR N.º 30 ABRIL 2024 – Melhoramento e técnicas genómicas 1. Caracterização e proteção da biodiversidade dos animais domésticos 2. Investigação dos processos de domesticação animal e diferenciação de raças 3. Estudo do impacto e da resistência às alterações climáticas 1. Caracterização e proteção da biodiversidade dos animais domésticos O objetivo da Conferência Final do programa de Recursos Genómicos da European Science Foundation (ESF-Science Connect), realizada em 2014 na Universidade de Cardiff, que contou com a participação de cientistas e decisores políticos do Sul e Leste Asiático, da América do Norte, da Europa e de África, era identificar diversas questões prementes para uma agenda de investigação e políticas de conservação dos Recursos Genéticos dos Animais Domésticos (FAnGR, do inglês Farm Animal Genetic Resources) para a década seguinte (Bruford et al. 2015). Con2 https://www.dgav.pt/wp-content/uploads/2021/11/Efectivo-adulto-autoctone-Grandes-numeros.pdf 3 https://www.dgav.pt/wp-content/uploads/2021/04/Catalogo-Oficial-Racas-Autoctones-Portuguesas.pdf 4 https://conbiand.site/?page_id=518 cluiu-se que o sector pecuário precisava de fazer um esforço concertado para assegurar a democratização das ferramentas genómicas disponíveis e a sua aplicação no contexto da conservação das raças autóctones e do desenvolvimento sustentável (Bruford et al. 2015). Uma década depois, continua a existir um grande fosso entre o atual estado da arte relativo às tecnologias disponíveis para caracterizar os recursos genómicos e a sua aplicação a muitas raças autóctones não comerciais, dificultando a utilização consistente de informação genética e genómica como indicadores de perda de biodiversidade. Um consórcio ibero-americano, estabelecido no âmbito da rede Conbiand4, permitiu aos investigadores realizarem um dos estudos genéticos mais abrangentes de gado bovino a nível mundial, em que foram utilizados marcadores mitocondriais, do cromossoma Y e microssatélites autossómicos (STRs, do inglês Short Tandem Repeats) revelando que as raças Ibéricas possuem elevada diversidade genética e que deixaram a sua assinatura nas popuFonte: A partir de Efetivos das Raças Autóctones Portuguesas de 2021, divulgado pela Direção-Geral de Alimentação e Veterinária (DGAV)2, exceto para Sorraia, Pónei da Terceira e Burro da Graciosa, para os quais os dados reportam a 20193. Brava dos Açores Jarmelista Preta Mertolenga Arouquesa Marinhoa Barrosã Mirandesa Minhota Bovinos Maronesa Cachena Ramo Grande Brava de Lide Alentejana Garvonesa Churra Mondegueira Churra Galega Bragançana – Preta Churra Algarvia Churra Galega Mirandesa Churra Badana Churra do Minho Ovinos Caprinos Churra do Campo Churra Galega Bragançana – Branca Churra da Terra Quente Merino Preto Merino da Beira Baixa Merino Branco Lã Merina Bordaleira de Entre Douro e Minho Bordaleira da Serra da Estrela Campaniça Saloia Lã Bordaleira Lã Churra Serrana Charnequeira Algarvia Bravia Preta de Montesinho Serpentina Suínos Alentejano Bísaro Malhado de Alcobaça Pónei da Terceira Lusitano Garrano Equídeos Sorraia Burro da Graciosa Burro de Miranda < 1 < 5 <10 <15 <20 <25 <30% Figura 1 – Distribuição geográfica e abundância relativa das raças autóctones portuguesas: bovinos, pequenos ruminantes, equídeos, suínos

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