Cultivar os mercados voluntários de carbono e a biodiversidade – Oportunidade para o sequeiro nacional 111 não se perca na atmosfera (ex. ausência de mobilizações). Aqui convém referir que a confortabilidade dos empresários agrícolas é chave em todo este processo, pois sentindo-se confortáveis protegem os ativos, caso contrário, serão mesmo capazes de os abandonar. Este é um risco muito elevado quando falamos de um mercado altamente volátil como é o mercado do carbono, pois no campo estão seres vivos (árvores, arbustos…) que de alguma forma requerem cuidados de manutenção regulares. As políticas nacionais poderiam alavancar a confortabilidade dos empresários agrícolas, nomeadamente na fase inicial de investimento e de instalação dos ativos. O reforço de cofinanciamentos como: i) correções de solo (pH, P2O5); ii) reflorestações com espécies autóctones (Quercus sp. e arbustos de grande valor ecológico); iii) instalação de protetores de árvores/arbustos jovens por causa dos animais em pastoreio; iv) cercas; v) equipamentos agrícolas (roça matos, rolos controladores de mato, semeadores de sementeira direta); vi) Charcas e barragens (água na paisagem), estimularia a confortabilidade dos empresários agrícolas no arranque, ficando do lado deles e do mercado voluntário de carbono a responsabilidade de manutenção dos ativos por um mínimo de 30 anos. Em conclusão, julgamos que os projetos de carbono e biodiversidade agroflorestais poderão, sem sombra de dúvida, aumentar a sustentabilidade do sequeiro a nível nacional pelo rendimento extra que os proprietários poderão obter relativamente aos serviços ecossistémicos que as suas árvores/arbustos estarão a desempenhar no terreno e que serão passiveis de vender nos mercados voluntários de ativos ambientais. Contudo, se a estes associarmos a criação de pequenas charcas e/ou barragens com fins múltiplos, nomeadamente: i) no apoio ao controlo do fogo; ii) no abeberamento de animais em extensivo com o objetivo de estes reduzirem o risco do fogo; iii) na intensificação de alguma produção de biomassa para alimentar animais nos períodos estivais; e iv) na promoção da biodiversidade pelo efeito da água na paisagem, teremos seguramente fontes de rendimento diversas, maior sustentabilidade económica e ambiental, mais pessoas no território e, consequentemente, territórios mais resilientes. Agradecimentos Os autores gostariam de agradecer ao projeto Europeu Landmarc (https://www.landmarc2020.eu) e a todo o seu consórcio, a oportunidade de sabermos hoje muito mais do que sabíamos antes sobre o nosso próprio país e sobre a nossa região mediterrânea relativamente às Tecnologias de Mitigação da Terra (Land Mitigation Technologies). Gostaríamos ainda de agradecer a mais de uma centena de empresários agrícolas, parceiros da Agroinsider, que nos abriram as portas das suas explorações e que connosco caminham na procura de valorização dos seus ativos ambientais, junto dos respetivos mercados.
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