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Pomar de Sequeiro – Dieta Mediterrânica | Algarve 131 Também o stress hídrico faz com que a amendoeira integre o pomar de sequeiro do Algarve, pois esta «não se estraga com a chuva, não cria bicho e o seu dono apenas tem que varejá-la» (Nobre, A Agricultura no concelho de Albufeira, p.111). A sua chegada ao território português não é absolutamente segura, mas aceita-se que a invasão muçulmana intensificou a sua utilização. Começando pelo sul do país, mas estendendo-se depois até à região da terra quente de Trás-os-Montes, a amendoeira em flor revela uma «beleza [que atrai] pessoas em busca da “neve em flor”» e produz frutos amargos e doces, que são frequentemente utilizados na doçaria regional e não só. Aliás, o texto de Tereso (Árvores de fruto: o passado profundo de uma história comum entre pessoas e plantas, p. 66) refere que «tanto os escritos gregos como romanos e, posteriormente, árabes, fazem claramente a distinção entre amêndoas amargas, usadas para fins medicinais, e doces, usadas para fins medicinais e alimentares». Deste modo, é possível dividir a amêndoa em três grupos: as popularmente chamadas cocas, as molares e as durasias. No Algarve, conhecem-se diversas variedades e a zona que apresenta maior produção é Tavira. Contudo, e como analisado por Pinho et al (Características do Pomar de Sequeiro, p. 161) esta tem vindo a desaparecer dos campos algarvios, «ficando confinada a locais onde se procede a um esforço de caracterização e se procura assegurar a sobrevivência de variedades regionais de interesse agronómico (…)». Por fim, a oliveira foi uma das primeiras árvores domesticadas no Sudoeste Asiático, mas apresenta uma complexa história de cultivo, relacionada com dinâmicas sociais e ambientais ao longo da bacia do Mediterrâneo. Sabe-se que a oliveira foi introduzida intensivamente pelos romanos, sendo considerada por estes como olea prima inter arbores est. Em Portugal, os vestígios da presença da oliveira datam da Idade do Bronze. Assume-se como uma produção que caracteriza o coberto da região algarvia e que tal como a amendoeira não exige grande despesa nem tratamento. O fruto é a azeitona, que pode ser consumida fresca, embora seja na produção de azeite que é mais utilizada. A azeitona tem, assim, um papel importante na economia da agricultura familiar e na presença de lagares na região. Na cozinha portuguesa, a azeitona e o azeite acompanham a preparação e confeção de alguns pratos tradicionais. Relativamente a este tema, é interessante o texto Lagar de Azeite – uma tradição familiar de Leonor Santos (p.201), que descreve o processo cuidadoso e familiar de produção de azeite no Lagar dos Pardieiros, bem como o artigo de Serra (História da gastronomia com estes produtos e receitas “revisitadas”, inovação na doçaria e gastronomia, p.179) que entre os diferentes produtos, destaca o azeite como elemento fundamental da «trilogia sagrada» e o seu aspeto identitário nas cozinhas do sul da Europa. Conclusão O Pomar Tradicional de Sequeiro Algarvio apresenta hoje uma composição bastante diferente da que apresentou até final do século anterior. Atualmente, e como representado no Gráfico 1 (ver abaixo e p.155), a alfarrobeira não só é a espécie mais representada como é também a mais representativa do pomar tradicional de sequeiro, devido à valorização integral do produto e ao desenvolvimento de subprodutos da transformação, promovendo a sua utilização total na obtenção de novos produtos. Também a oliveira, apesar da sua estabilidade, tem visto a sua presença aumentar. Por outro lado, a figueira e a amendoeira Gráfico 1 – Evolução das áreas do pomar tradicional de sequeiro algarvio

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