25 O sequeiro do Sul, viabilidade económica, perspectivas e políticas JOÃO MADEIRA Engenheiro agrónomo e agricultor Introdução Da Superfície Agrícola Utilizada (SAU) do Continente (3,838,708 ha), cerca de 16% (626,820 ha) está classificada como superfície irrigável, o que confere à agricultura de sequeiro uma importância territorial muito significativa, no contexto agrícola do Continente1. Apesar de completamente expostas à aleatoriedade climática, as explorações de sequeiro têm disponível um conjunto de técnicas e práticas de gestão, nomeadamente ao nível do solo, que poderão contribuir para a minimização dos riscos dali decorrentes e que permitirão, se adotadas de forma consistente, gerar um quadro de viabilidade que lhes possibilita a manutenção da atividade. Paralelamente, é relativamente consensual que estas explorações podem desempenhar um conjunto de funções não remuneradas pelo mercado, nomeada- * O artigo não foi originalmente escrito ao abrigo do Acordo Ortográfico. [Nota da equipa editorial] 1 Superfície irrigável (ha) das explorações agrícola por Localização geográfica (Região agrária/ Ilha); Decenal – INE, Recenseamento agrícola – séries históricas e Superfície das explorações agrícolas (ha) por Localização geográfica (Região agrária/ Ilha), Tipo de utilização das terras e Classes de superfície agrícola utilizada; Decenal – INE, Recenseamento agrícola – séries históricas. Informação disponível em https://www.ine.pt/. mente aos níveis ambiental e social, às quais a sociedade está disponível para afetar recursos financeiros, promovendo-as através de políticas públicas. O texto seguinte procura dar uma perspetiva geral sobre os principais desafios que se colocam atualmente à agricultura de sequeiro, quer do ponto de vista do agricultor, quer do ponto de vista do Estado, e baseia-se na experiência de mais de duas décadas na gestão de uma exploração agropecuária, exclusivamente de sequeiro, no Sul do Baixo Alentejo. É, portanto, enformado pelas características dessa mesma exploração que, no entanto, serão comuns a muitas outras explorações desse vasto território que não rega. Para tal, partimos do princípio de que, no âmbito dos sistemas de agricultura de sequeiro, o principal desafio do agricultor é a opção por um conjunto de Apesar de completamente expostas à aleatoriedade climática, as explorações de sequeiro têm disponível um conjunto de técnicas e práticas de gestão, nomeadamente ao nível do solo, que poderão contribuir para a minimização dos riscos dali decorrentes e que permitirão gerar um quadro de viabilidade.
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