Cultivar_31

As alterações climáticas e a influência no setor agrícola 47 severa e extrema do índice PDSI. A análise desde 1941 até 2023 revela episódios de seca mais frequentes a partir de 2000 com uma maior duração e com uma abrangência espacial elevada. A seca de 2004/2006 foi a mais intensa (meses consecutivos em seca severa e extrema) em termos de extensão territorial dos últimos 80 anos. No entanto, nas secas de 2011/2012, 2017/2018 e 2021/22 também se verificou quase todo o território nas classes de seca severa e extrema do índice PDSI. A seca de 2017/2018 foi igualmente uma situação que abrangeu todo o território e com impactos significativos em diversos setores. A conjugação de valores de precipitação muito inferiores ao normal e valores de temperatura muito acima do normal, em particular da temperatura máxima, teve como consequência a ocorrência de valores altos de evapotranspiração e valores significativos de défice de humidade do solo. O período, de abril a novembro, foi o mais seco desde que há registos (precipitação de cerca de 30% do normal) e no final de outubro e novembro, a situação de seca em comparação com situações anteriores era a que apresentava maior percentagem de território nas classes de seca severa e extrema (97% do território). Em relação à seca meteorológica 2021/22, verificou-se que nas estações do Nordeste Transmontano e Beira Alta, assim como numa faixa da região do litoral Sul, o número de meses em seca severa e extrema foi superior ao da seca de 2004/05, o que indicava uma maior intensidade da seca meteorológica nestas regiões. Cenários climáticos futuros O conhecimento sobre a contribuição da influência humana em vários componentes do sistema climático possibilitada pelo avanço nos modelos climáticos e por séries de observações mais longas, permitiu o desenvolvimento das simulações do clima futuro, incluindo a descrição da incerteza associada. Atualmente, é possível caracterizar com detalhe o clima de determinada região, as alterações verificadas, assim como os cenários futuros para a temperatura do ar, precipitação e outros indicadores climáticos. As alterações climáticas irão exercer cada vez mais pressão sobre a produção e o acesso aos alimentos, especialmente nas regiões vulneráveis, minando a segurança alimentar e a nutrição (IPCC, 2022). Aumentos na frequência, intensidade e severidade das secas e ondas de calor agravarão os riscos para a segurança alimentar. Um aumento de temperatura de 1,5°C terá como consequência um aumento nos extremos climáticos, provocando maior risco de perdas simultâneas de culturas de milho nas principais regiões produtoras de alimentos, sendo que este risco aumenta ainda mais com níveis mais elevados de aquecimento global (IPCC, 2022). As análises a longo prazo revelam aumentos substanciais do risco de seca em todos os cenários, com um aumento particularmente notável na região do Mediterrâneo. Para períodos prolongados de seca, existe o risco de aridez irreversível, que se agrava com níveis mais elevados de aquecimento global. Com um aquecimento de 3°C acima dos níveis pré-industriais, estima-se que 170 milhões de pessoas sofreriam de seca extrema. As projeções futuras baseiam-se em cenários distintos de evolução das emissões de gases com efeito de estufa (GEE), dos quais um menos gravoso (RCP4.5), correspondente a uma evolução socioeconómica que controla o aumento das emissões, e outro mais gravoso (RCP8.5), que resulta num crescimento contínuo nas emissões durante o século XXI. As proAtualmente, é possível caracterizar com detalhe o clima de determinada região, as alterações verificadas, assim como os cenários futuros para a temperatura do ar, precipitação e outros indicadores climáticos. As análises a longo prazo revelam aumentos substanciais do risco de seca em todos os cenários, com um aumento particularmente notável na região do Mediterrâneo.

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