Cultivar_31

O que pensam os agricultores 57 restantes áreas. O coberto arbóreo tem inúmeros vantagens para o solo, para as pastagens, para os animais e ameniza as temperaturas extremas de inverno/verão; para além do papel “biológico”, é um complemento económico importante da exploração. No início da nossa gestão, a área de montado representava cerca de 290 ha; com estas estratégias, conseguimos aumentar para os atuais 430 ha, já em produção de cortiça amadia. Isto só é possível através de três procedimentos – mobilização nula, pastoreio diferido e encabeçamentos baixos. O “diferimento” (interrupção) do pastoreio é variável, consoante a fase de “restauro” da parcela. Procedimentos tão fáceis só são possíveis com encabeçamentos baixos e uma persistência de atuação “germânica”. Os resultados são muito lentos de início, levando-nos quase ao desânimo; porém, de repente, tornam-se exponenciais e temos um novo montado. 2. Faz a integração de novos conhecimentos e tecnologias ao nível dos solos, genética vegetal e animal, gestão de recursos, biodiversidade, nas decisões de gestão da sua exploração? Sempre. Consideramos que fomos pioneiros em algumas inovações. Referi atrás os exemplos da não mobilização dos solos, da sementeira direta, do aproveitamento dos recursos endógenos. Gostaria de mencionar os animais (seleção e cruzamentos) e o seu maneio. As vacas estão divididas em três grupos, aproveitando a dispersão dos prédios que referi no início. A estratégia baseia-se em aproveitar a capacidade de adaptação de uma raça autóctone – vacada de base – mirandesa; na segunda vacada, com as fêmeas puras obtidas na vacada de base, melhoramos a conformação, pesos e capacidade maternal, produzindo fêmeas “F1”; na terceira vacada, potenciamos as características das “F1” com um cruzamento terminal, produzindo um “F2” que usufrui das características maternais (e do “vigor híbrido” maternal), combinando a capacidade de adaptação, de produção e morfologia, com o vigor híbrido direto dos machos terminais. Este cruzamento “triplo terminal” é, academicamente, clássico, mas se realizado com rigor permite obter o máximo da eficiência maternal e o máximo da eficiência no crescimento/conformação dos vitelos terminais. Porém, não dispensa a seleção rigorosa no núcleo-base. Sobre esta vacada, fazemos uma pressão de seleção forte (7%): usamos os valores genéticos do “intervalo entre partos” (IP) e, de entre as vacas selecionadas para esta característica, escolhemos as filhas com maiores crescimentos até ao desmame que serão a substituição desta vacada. As restantes vitelas mirandesas são recriadas para a “substituição” do segundo grupo, para produção de “F1” com touros Sallers. As fêmeas “F1” (Mirandês x Sallers) são cruzadas, na terceira vacada, com touros Charolês, produzindo os vitelos terminais “F2”. Para além da seleção no grupo de base, os touros Sallers e Charolês são escolhidos com máximo rigor pelo seu valor genético. A título de exemplo, os touros charoleses são importados, adquiridos no leilão da raça em França, após a testagem em estação, com avaliação genética e genómica para as características de que necessitamos. Os resultados atuais refletem todo este trabalho: IP médio das vacas mirandesas é de 386 dias, com 86% de fertilidade aparente e uma longevidade produtiva de 16 anos. Estes resultados só são possíveis acompanhando o trabalho anterior com um maneio reprodutivo e alimentar ajustado. Na reprodução, desde há mais de 20 anos, efetuamos diagnósticos de gestação precoces, fundamentais para eliminar fêmeas improdutivas e reduzir os IP. Os vitelos produzidos, consoante a época do ano (ou seja, ajustamo-nos ao sequeiro) e tipo (puros, F1 ou F2) são comercializados ao desmame em mercados

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