O que pensam os agricultores 61 situações. E também trabalho com a 2BForest8 que tem dado igualmente apoio técnico e financeiro. Depende do que se pode fazer: agora estou a fazer um levantamento do potencial de sequestro de carbono que tenho aqui na propriedade, para depois poder ter também algum benefício em relação a isso. Ao mesmo tempo que fazemos esse levantamento, a área está a ser certificada pelo sistema FSC, também através da 2BForest. 3. A viabilidade da exploração agrícola de sequeiro está dependente das políticas públicas (ex. apoios à produção e serviços ambientais) ou de atividades alternativas (ex. floresta, turismo)? Se não tivesse havido esta história dos incêndios que tivemos em 2003 e em 2018, a exploração teria viabilidade por si mesma. A minha ideia é precisamente garantir que a propriedade se mantém de forma rentável para que, de hoje para amanhã, seja fácil de gerir pelos meus filhos. Não tenho nenhuma outra atividade alternativa, nem apicultura, nem caça. 4. Como vê o futuro das explorações e superfície agrícola de sequeiro no nosso país num contexto de alterações climáticas? Eu acho que deviam ser bem pensadas as espécies de sequeiro que existem, como a alfarrobeira ou mesmo, no meu caso, o medronheiro. Porque não se pode olhar para o terreno e dizer “eu quero pôr aqui isto ou aquilo”. Temos de olhar para a natureza do terreno para ver qual é a melhor solução para cada área. Temos dois filhos, um está a tirar o mestrado de engenharia florestal e o outro a estudar engenharia do ambiente e espero que eles possam ter algum gosto 8 https://www.2bforest.pt/ 9 Depoimento recebido por escrito. Imagens do autor/CarneAlentejana/Cereais do Alentejo 10 https://diariodarepublica.pt/dr/detalhe/portaria/195-1988-286365 pela continuação da exploração. Aliás, eles sempre que podem participar em alguma coisa, participam [e também contribuem com os seus conhecimentos no apoio à gestão]. Fernando Carpinteiro Albino É advogado e agricultor, foi vice-presidente da Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP), presidente da Associação Nacional de Produtores de Proteaginosas, Oleaginosas e Cereais (ANPOC), mentor do Agrupamento de Produtores Carnalentejana DOP, membro fundador do Clube Português dos Cereais de Qualidade e criador da marca Cereais do Alentejo. É desde sempre um grande promotor da valorização dos produtos agrícolas nacionais. Questão Prévia9 Que fique bem claro que as respostas que passo a dar não são mais do que o resultado da experiência da nossa exploração agrícola familiar constituída por terras de sequeiro, nos concelhos de Monforte e Fronteira que, ao longo dos últimos anos, foram objeto, por nossa vontade e iniciativa, da “transformação” de hectares de sequeiro em regadio, com muito pouca água disponível, através da construção de pequenas e médias barragens, com início nos anos de 1989/92, com recurso às medidas então em vigor dos pequenos regadios privados regulados pela Portaria n.º 195/88 de 25 de março do então Ministério da Agricultura, Pescas e Alimentação10.
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