62 CADERNOS DE ANÁLISE E PROSPETIVA CULTIVAR N.º 31 AGOSTO 2024 – Sequeiro 1. Que estratégias utiliza para garantir a continuidade da produção de sequeiro na sua exploração? A nossa principal estratégia sempre assentou na decisão de não colocar todos os ovos no mesmo cesto. Neste sentido, a nossa exploração agrícola tem, desde a primeira hora (que aconteceu, post ocupação total de 1975, mais concretamente em maio de 1979), norteado a sua atividade, ao princípio e até 1988 exclusivamente em regime de sequeiro, por culturas de cereais praganosos acompanhados de uma “segunda cultura” constituída por vacas alentejanas em regime extensivo, sempre em linha pura, cuja alimentação de verão é feita com o aproveitamento dos restolhos, servindo as palhas enfardadas para a sua alimentação de inverno. A existência atual de um significativo efetivo bovino, repito, todo em linha pura e, todo, comercializado através da Carnalentejana, agrupamento de produtores de que as nossas sociedades são sócias fundadoras, tem conduzido a que prossiga, com algum conforto, a nossa dupla atividade de produção de cereais praganosos, acompanhados com outras culturas essenciais para as rotações, como sejam as colzas, ervilhas, grão-de-bico e trevos subterrâneos. Para que a nossa exploração esteja bem viva, em muito tem contribuído a água armazenada nas barragens que fomos construindo, com recurso aos pivots que temos vindo a instalar, a sua esmagadora maioria adquiridos em segunda mão. 11 A obtenção da carta de condutividade elétrica do solo é uma das primeiras etapas na adoção de técnicas de agricultura de precisão. [Nota da equipa editorial] Por outro lado, de há diversos anos a esta parte, tendo sempre em vista a diminuição de custos e aumentos de produtividade, e após diversas experiências, temos vindo a trocar a aplicação de adubações de fundo pelo espalhamento de estrumes de diversas origens, com forte incidência nos de galináceos. Concomitantemente, em termos de adubações de culturas, também temos alcançado bons resultados com a aplicação de fixadores de azoto com recurso a bactérias e inerente diminuição de soluções azotadas. Por último, também acreditamos nas compras e vendas dos nossos produtos de forma agrupada, que na área dos cereais, são todas efetuadas pela Procereais, agrupamento de produtores de que também somos membros fundadores. 2. Faz a integração de novos conhecimentos e tecnologias ao nível dos solos, genética vegetal e animal, gestão de recursos, biodiversidade, nas decisões de gestão da sua exploração? Sim. A juventude dos G2, integrada na gestão combinada com os G1, tem conduzido a uma verdadeira “revolução” na adaptação da exploração agrícola, em todas as suas vertentes. Nota: G1, geração 1, são os sócios fundadores da exploração agrícola e G2, geração 2, são alguns dos seus filhos, havendo também já alguns G3 que se vão interessando pela mesma. Hoje em dia, temos toda a área da exploração destinada à produção de cereais, leguminosas, oleaginosas e vinhas devidamente cartografada em termos de condutividade11. Paulatinamente, fomos equipando a esmagadora maioria dos nossos tratores e restantes equipamentos com as mais avançadas técnicas de precisão, as quais também se encontram instaladas nas nossas ceifeiras debulhadoras. Os aumentos da nossa produtividade, aliados à diminuição dos custos de produção, têm muito a ver com estes investimentos que se amortizam em muito poucos anos.
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