64 CADERNOS DE ANÁLISE E PROSPETIVA CULTIVAR N.º 31 AGOSTO 2024 – Sequeiro 1. Que estratégias utiliza para garantir a continuidade da produção de sequeiro na sua exploração? A grande maioria dos olivais de Trás-os-Montes são ainda conduzidos em regime de sequeiro. A inexistência de estruturas de regadio na região condiciona bastante as práticas agronómicas por parte dos olivicultores. Neste sentido, e por forma a mitigar a dificuldade no acesso à água, os olivicultores praticam um tipo de agricultura bastante mais resiliente, utilizando práticas agronómicas mais sustentáveis, para poderem garantir a viabilidade económica das suas explorações, nomeadamente: ● Manutenção da Superfície do Solo --> A grande maioria dos olivicultores utiliza práticas de mobilização mínima do solo com enrelvamento parcial da entrelinha, ou então controlo mecânico através do corte das infestantes com enrelvamento total da parcela, ou ainda controlo químico das infestantes. Estas práticas vieram diminuir os problemas relacionados com a erosão e têm efeitos positivos sobre a diminuição da evapotranspiração, bem como sobre o aumento do teor de matéria orgânica do solo; ● Fertilização do Solo --> As práticas de fertilização do solo e/ou foliares têm por base o acompanhamento técnico das parcelas/explorações, bem como os dados obtidos através das análises de solo e/ou foliares. Neste sentido, as intervenções ao nível da fertilização são efetuadas com bastante mais racionalidade, o que permite que se corrijam eventuais carências nutritivas de uma forma mais célere e eficaz; ● Outras práticas --> A APPITAD foi coordenadora de um Grupo Operacional dedicado à Mitigação das Alterações Climáticas no Olival de Sequeiro, que contou com a participação do Instituto Politécnico de Bragança (IPB) e da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD). No âmbito deste Grupo Operacional, foram realizadas um conjunto de práticas agronómicas, cujos resultados positivos foram amplamente divulgados junto dos olivicultores, pelo que, ao anteriormente indicado, podemos ainda acrescentar outro tipo de práticas, nomeadamente a utilização de protetores foliares, a aplicação de bioestimulantes, a gestão do coberto vegetal, a alteração de práticas de poda. A conjugação deste tipo de práticas permite o aumento da resiliência dos olivicultores em regime de sequeiro. ● Apesar de utilização deste tipo de práticas, existe na região a necessidade de criação de estruturas de regadio, individuais e/ou coletivas, por forma a tornar ainda mais resiliente este tipo de produção. 2. Faz a integração de novos conhecimentos e tecnologias ao nível dos solos, genética vegetal e animal, gestão de recursos, biodiversidade, nas decisões de gestão da sua exploração? Atualmente, os olivicultores, e sobretudo as Organizações de Agricultores que lhes prestam assistência técnica, necessitam de estar bastante atualizadas em novas práticas que permitam que as explorações, sobretudo as de sequeiro, consigam mitigar a problemática da falta e/ou escassez de água. A APPITAD participa num conjunto de Iniciativas/ Projetos de Investigação/Inovação a nível nacional e internacional, com o intuito de desenvolver novas práticas e/ou técnicas que permitam aos olivicultores reduzir os fenómenos de safra e contrassafra no olival; A APPITAD, como entidade parceira destas iniciativas, realiza um conjunto de ações de divulgação e sensibilização por forma a que os olivicultores tenham acesso a este tipo de conhecimento e rapidamente o possam aplicar nas suas explorações. Neste sentido, os olivicultores estão habilitados a tomarem decisões de gestão bastante mais ponderadas, que se traduzem numa melhoria da produtividade.
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