Cultivar_31

7 O Sequeiro é o tema desta edição n.º 31 da Cultivar em que procuramos partilhar análises, dados e experiências diversificadas de técnicos e agricultores sobre a importância e dificuldade de gerir um vasto território em que dos três principais elementos decisivos no crescimento das plantas – Solo, Água e Sol, apenas este último é generoso. Portugal Continental está, em grande parte do seu território, particularmente o Sul e o Interior, sob a influência do clima mediterrânico, caracterizado por invernos suaves e chuvosos e verões com défice de humidade e em que com alguma regularidade ocorrem secas. Na ausência de irrigação, a agricultura que se desenvolve nestas regiões é uma agricultura de sequeiro, muitas vezes apenas designada como – Sequeiro, a qual está dependente da humidade do solo, das águas subterrâneas e da chuva ocasional. Estas condições levam à prática de uma agricultura extensiva em que as pastagens, as culturas forrageiras e as culturas permanentes são as principais opções dos agricultores, que se expandem ao longo de um mosaico agroflorestal. A Superfície Agrícola Útil de Portugal é essencialmente ocupada por esta agricultura de sequeiro. O Sequeiro ocupa 86% do solo agrícola abarcando uma área de 3,8 milhões de hectares. Apenas cerca de 630 mil hectares são irrigáveis, nos quais se desenvolvem culturas agrícolas com maiores níveis de produtividade. No entanto, mesmo com a aposta na expansão da área irrigada e na introdução de tecnologias de poupança e distribuição de água, o desenvolvimento da agricultura de sequeiro tem de ter soluções próprias para valorizar o seu potencial produtivo e agroambiental. Não se pode cair nem na ilusão de que todo o Sequeiro irá ser irrigável a prazo, nem na fatalidade de que esta é uma agricultura inviável. A construção de soluções para a viabilização destes territórios, quer por via do mercado, quer por via dos apoios públicos é essencial para o desenvolvimento equilibrado do nosso país. Várias são as áreas de atuação: o desenvolvimento de tecnologias para o desenvolvimento de variedades resistentes à seca, as práticas de agricultura de conservação, a diversificação, a valorização do património natural e cultural, os serviços de ecossistema, etc. Contudo, reconhecem-se as dificuldades em presença fruto de várias incertezas no desenvolvimento da atividade agrícola nestas regiões, quer derivadas das alterações climáticas, quer pela pressão sobre os sistemas produtivos praticados, caso da silvopastorícia. O papel das políticas públicas, não só da Política Agrícola Comum (apoio direto aos agricultores e práticas agroambientais), mas também de outras Editorial EDUARDO DINIZ Diretor-geral do GPP

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