Editorial 9 resistentes à seca”; a “aposta em novas (e velhas) culturas”; a intervenção no solo; a diversificação cultural; a agricultura de precisão; a integração de pecuária e agricultura; o emparcelamento, sem esquecer, naturalmente, “o papel dos apoios públicos”. O futuro e os seus desafios são também “uma oportunidade para inovação e resiliência”, conclui. No artigo de Vanda Pires, do IPMA, aborda-se diretamente a temática das alterações climáticas e o seu impacto no setor agrícola. A autora começa por enquadrar a questão a nível global, referindo em particular as mudanças a nível da precipitação. Analisa também alguns dos cenários previstos para o futuro próximo e mais longínquo, que incluem aumentos de temperatura, com maior frequência de ondas de calor ou fenómenos extremos, entre os quais secas com consequências gravosas para a produção agrícola e a segurança alimentar, em particular na região do Mediterrâneo. Centrando-se em Portugal, refere os períodos de seca mais recentes, cuja frequência e intensidade têm vindo a aumentar desde a década de 1980, salientando que “a agricultura será um dos setores mais afetados As suas condições produtivas serão cada vez mais desafiantes, tornando-se essencial encontrar soluções de melhor adaptação para as culturas de sequeiro em Portugal.” Termina com algumas dessas soluções. A abrir a secção Observatório, a rubrica “O que pensam os agricultores” é um formato a que pretendemos continuar a recorrer sempre que a temática da edição o proporcione. Convidámos quatro agricultores, José Pedro Fragoso de Almeida, José Paulo Nunes, Fernando Carpinteiro Albino e Francisco Ataíde Pavão, a responderem a quatro perguntas, por escrito ou em entrevista. Os resultados, como é também habitual, são díspares, apesar do número reduzido de inquiridos, mas apontam para caminhos a ter em conta. De seguida, dois artigos do GPP pretendem fazer um enquadramento da agricultura de sequeiro no nosso país e no âmbito da União Europeia (UE). O primeiro, de Rui Trindade, Rui Pereira e David Sousa, faz uma caracterização detalhada e gráfica do sequeiro em Portugal, referindo questões ligadas à sua viabilidade e importância no território, incluindo a distribuição e expressão regional e territorial dos principais tipos de cultura. Conclui com uma avaliação específica da viabilidade económica destes sistemas para as explorações orientadas para a produção de bovinos para carne, podendo observar-se a relevância dos apoios públicos. O segundo artigo, de João Marques, com o contributo de Maria Isabel Ferraz de Oliveira, Maria Helena Guimarães e Teresa Pinto Correia, da Universidade de Évora, faz um histórico das políticas agrícolas a nível da UE e do nosso país, avaliando o respetivo impacto neste tipo de agricultura. Ilustra como se têm procurado as melhores soluções em termos de apoio, realçando-se um exemplo de inovação através de um Anexo, da autoria das três investigadoras referidas, em que se descreve mais detalhadamente a medida Gestão do Montado por Resultados. De seguida, Inocêncio Seita Coelho e David Machado esclarecem no seu artigo como surgiu um sistema agrosilvopastoril com a importância, a diversidade e a singularidade do montado da Península Ibérica. Detalham depois as características do montado em Portugal, em termos estruturais, culturais, sociais e até gastronómicos, que ajudaram, aliás, ao reconhecimento pela UNESCO da Dieta Mediterrânica como Património da Humanidade. Elencam depois as especificidades do Montado da Serra de Serpa que os levou a propor a sua candidatura a Sistema Importante do Património Agrícola Mundial (SIPAM/ GIAHS), já que se enquadra perfeitamente nos objetivos e metas desta classificação da FAO. Um artigo coligido por Pedro Castro Rego, do GPP, com o contributo de Armando Torres Paulo e Jorge Soares, procura analisar as questões que se levantam no terreno à continuação da agricultura de sequeiro para culturas permanentes como a vinha e as frutícolas (pera e maçã, neste caso). Os três autores referem as dificuldades, as vantagens e os desafios de cada uma destas culturas nos dois regimes, de sequeiro e regadio, mas concluem que só haverá produtividade e competitividade para estes setores recorrendo a irrigação, debruçando-se depois sobre as melhores soluções para o conseguir de uma forma sustentável.
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