Cultivar_31

97 Sequeiro, viticultura e fruticultura PEDRO CASTRO REGO, ARMANDO TORRES PAULO E JORGE SOARES O sequeiro – caso específico da viticultura PEDRO CASTRO REGO Gabinete de Planeamento, Políticas e Administração Geral (GPP) Portugal tem áreas muito extensas de sequeiro, dedicadas a culturas como a vinha, olival, pomares de pomóideas e prunóideas, etc. Este tipo de agricultura, dependendo de forma muito marcada dos regimes das chuvas, sempre foi efetuado assumindo um risco maior do que noutras situações. Com produtividades muito mais baixas, maturações por vezes mais irregulares e desequilíbrios motivados por forte stress hídrico, estas produções em sequeiro foram e são ainda alternativas em situações em que por vezes o abandono da atividade é a outra possibilidade. Nos últimos anos, com a seca que tivemos, assistiu-se à morte de muitas árvores em produção em sequeiro, e muitas outras ficaram de tal forma enfraquecidas, permitindo a entrada de doenças e pragas, que terão o mesmo destino nos próximos tempos, obrigando a uma reflexão e a um olhar atento sobre o que se passa nesta importante fatia da nossa agricultura. Antes de me debruçar sobre o caso concreto da vinha, algumas considerações genéricas impõem- -se que serão válidas para todas as atividades agrícolas. Em primeiro lugar, as alterações climáticas, provocando maior irregularidade no regime das chuvas, vieram complicar muito estas atividades em sequeiro. Por outro lado, os aumentos de custos e a rarefação da mão de obra na agricultura trouxeram ainda um adicional de dificuldades que se dispensava perfeitamente. Importa referir que quando se fala de sequeiro existem numerosas e muito díspares situações, havendo algumas que, embora não exista qualquer complemento de água por rega, beneficiam de condições naturais de água no solo que mitiga o stress da planta, seja por lençóis freáticos a profundidades a que as raízes podem aceder ainda, seja por outras condicionantes naturais. Nestes casos, obviamente que algumas destas limitações não se aplicam, pelo menos completamente. Creio ser ainda importante perceber que os sistemas radiculares se ajustam às diversas situações. Assim, um sistema radicular de árvores ou arbustos regados tende a ser menos profundo e estar mais concentrado na zona húmida do solo, enquanto, em sequeiro, as raízes são obrigadas a ir mais fundo em situações normais, condicionando as escolhas das plantas, e sobretudo dos seus porta-enxertos, de forma criteriosa. Deste modo, transformar vinhas de sequeiro em vinhas regadas será sempre possível, mas não será a mesma coisa que instalar uma vinha de origem com castas, porta-enxertos, compassos e

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