Cultivar_32

A economia cooperativa 107 controlada pelos seus membros, sendo o princípio democrático um elemento fundamental do movimento cooperativo desde a sua criação. No entanto, têm sido levantadas crescentes preocupações sobre o modo como as grandes cooperativas estão potencialmente a perder de vista os interesses dos seus membros, à medida que priorizam os seus objetivos de negócio. A dimensão destas organizações dificulta muitas vezes o dinamismo democrático e a participação dos membros. Assim, manter a sua identidade cooperativa é claramente um desafio para algumas destas entidades e há vozes críticas que argumentam que estas organizações não só tendem a perder a sua própria identidade cooperativa, como também tentam ocultá-la, para se alinharem com o poder normativo dominante das empresas pertencentes a investidores. No relatório, procura-se analisar como é comunicada a identidade cooperativa e se há situações de uma atitude deliberada de “ocultação” dessa identidade. Pela análise das narrativas apresentadas nos respetivos sites, verificou-se que mais de 80 por cento das cooperativas analisadas declaram explicitamente a sua identidade como cooperativa e que mais de metade das entidades examinadas declaram explicitamente os valores e princípios do cooperativismo. Muitas das entidades de maior dimensão, e maior complexidade organizacional, não se identificam explicitamente como cooperativas, mas não deixam de referir, frequentemente, que tem origem histórica como cooperativas. Parte das cooperativas de segundo ou terceiro nível apresentam as suas estruturas com mais detalhe, clarificando as relações com as cooperativas-membros, e como estas têm membros individuais. Verifica-se ainda que 37% das cooperativas dão enfâse ao facto de serem geridas pelos seus membros, e que muitas outras referem que seguem o “modelo cooperativo”. A conclusão é de que, de um modo geral, a entidade cooperativa é referida, e não ocultada, e que os membros individuais são apresentados como estando na base da estrutura, tendo poder de decisão, para além de receberem outros benefícios, tangíveis e não tangíveis. No entanto, o relatório nota também que a base desta análise são os sites das próprias cooperativas, os quais são estabelecidos pelas respetivas estratégias de comunicação, e que podem assim não corresponder exatamente ao funcionamento, na prática e no dia-a-dia, destas entidades.

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