Cultivar_32

32 CADERNOS DE ANÁLISE E PROSPETIVA CULTIVAR N.º 32 DEZEMBRO 2024 – Cooperativas A heterogeneidade dos membros constitui um desafio para as cooperativas de agricultores (Hansmann, 1996). A tomada de decisão pode tornar-se mais complexa, a coordenação entre os membros e a atividade da cooperativa podem tornar-se mais difíceis, o empenhamento dos membros pode diminuir e a sua disponibilidade para providenciarem capitais próprios pode ver-se reduzida. Esta heterogeneidade afeta a eficiência da organização cooperativa, nomeadamente devido ao problema dos custos de influência (Cook 1995): as decisões estratégicas implicam frequentemente a (re)distribuição da riqueza entre os membros de uma cooperativa e, por conseguinte, podem provocar tentativas de influência por parte dos membros. A afetação das despesas gerais, a avaliação da qualidade dos produtos dos membros e a localização geográfica de um novo investimento são apenas alguns exemplos deste tipo de decisões (Hansmann, 1996). A homogeneidade dos membros sempre foi elevada nos Países Baixos. Em comparação com outros países europeus, há aqui um grande número de cooperativas de objetivo único (Van Bekkum et al., 1997). Trata-se de cooperativas com um conjunto de atividades bem definido, por exemplo, o fornecimento de alimentos para animais ou a transformação de beterraba sacarina. Noutros países, é mais comum encontrar cooperativas que se dedicam tanto ao fornecimento de fatores de produção como à transformação e comercialização dos produtos agrícolas. A combinação de diferentes tarefas nas chamadas cooperativas polivalentes pode conduzir a custos de influência elevados. Outras explicações para a homogeneidade dos membros são a homogeneidade cultural (pelo menos, nos subgrupos protestante e católico), as curtas distâncias geográficas (que permitem que os membros se encontrem pessoalmente) e a homogeneidade na dimensão das explorações. 6. Pragmatismo nas alianças O número seis dos princípios cooperativos da Aliança Cooperativa Internacional (ICA, na sigla inglesa) incentiva a cooperação entre cooperativas. Embora este princípio tenha sido sempre aplicado pelas cooperativas agrícolas nos Países Baixos, foi-o mais por razões práticas do que ideológicas. Trabalhar com outras cooperativas em vez de com outras empresas era muitas vezes mais fácil, porque os objetivos eram claros e semelhantes (i.e., apoiar os membros agricultores) e os respetivos dirigentes falavam a mesma linguagem. A cooperação entre cooperativas costumava ser organizada através de estruturas federativas. Embora as novas cooperativas se estabelecessem como pequenas organizações, muitas vezes baseadas numa comunidade, vizinhança ou região específicas, depressa se aperceberam de que, individualmente, não conseguiam obter as economias de escala ou o poder negocial necessários num ambiente competitivo. Ao criarem cooperativas regionais, as cooperativas locais podiam beneficiar da escala necessária, sem perderem a sua independência. À medida que o tempo foi passando, as cooperativas regionais formaram cooperativas nacionais que se ocupavam das tarefas que podiam ser mais bem executadas à escala nacional, como a exportação de produtos, o estabelecimento de normas de qualidade alimentar e a representação de interesses junto do governo nacional. Com o tempo, a maioria das cooperativas federadas desapareceu nos Países Baixos. Através de fusões verticais, cooperativas de diferentes escalas foram integradas em cooperativas de um só nível. Por exemplo, no setor dos lacticínios, as cooperativas locais tornaram-se cooperativas regionais através da fusão com outras cooperativas locais. Quando atingiram uma certa escala, deixaram de necessitar de associações A homogeneidade dos membros sempre foi elevada nos Países Baixos. Em comparação com outros países europeus, há aqui um grande número de cooperativas de objetivo único. Outras explicações para a homogeneidade dos membros são a homogeneidade cultural … as curtas distâncias geográficas … e a homogeneidade na dimensão das explorações.

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