62 CADERNOS DE ANÁLISE E PROSPETIVA CULTIVAR N.º 32 DEZEMBRO 2024 – Cooperativas gráficas por forma a representar/retratar a realidade da atividade das entidades que compõem o setor cooperativo, em particular as cooperativas agrícolas. Com a informação disponível nas CSES é possível caracterizar pontualmente a atividade económica. Contudo, a ausência de uma série anual completa dificulta uma análise mais aprofundada, designadamente o acompanhamento da Economia Social a par do resto da Economia. Da mesma forma, a disponibilização da informação ocorre com um atraso considerável (a última informação refere-se a 2020), e algum grau de incerteza quanto à data de publicação, não se prevendo ainda a data de divulgação da quinta edição das CSES. Acresce que a Economia Social carece de harmonização a nível da União Europeia (UE), englobando uma diversidade de conceitos entre Estados-Membros. Mesmo assim, é possível reunir alguns números5 a nível da UE, nomeadamente: 250 mil cooperativas que empregam 5,4 milhões de pessoas, destacando-se com maior quota de mercado as cooperativas agrícolas nos Paises Baixos (83%), Finlândia (79%), Itália (55%) e França (50%) ou as cooperativas florestais na Suécia (60%) e na Finlândia (31%). Como referido, a informação disponibilizada diretamente pelas entidades CASES, DREC e IEM é mais recente, apresenta um maior nível de desagregação das cooperativas agrícolas, abrangendo as variáveis volume de negócios, emprego e número de cooperadores. Contudo, também apresenta algumas lacunas 5 https://single-market-economy.ec.europa.eu/sectors/proximity-and-social-economy/social-economy-eu/cooperatives_en de informação, em resultado, nomeadamente, do não cumprimento (por parte de algumas entidades) do requisito de obrigação de comunicação do Código Cooperativo, dificultando a obtenção de valores fidedignos sobre número, volume de negócios, número de trabalhadores e número de cooperadores. Neste sentido, optou-se por analisar as cooperativas registadas na base de dados com informação. Ambas as fontes de informação revelaram-se determinantes para caracterizar as cooperativas agrícolas e o seu posicionamento em relação ao setor cooperativo nacional. Contudo, existem importantes diferenças metodológicas e concetuais que impedem a sua comparabilidade, embora isso não coloque em causa as principais ilações que se podem tirar a partir de cada uma das bases de informação utilizadas. A existência de dados fiáveis e atualizados é fundamental para o conhecimento dos setores e a definição de políticas adequadas. Como se constata ao longo deste artigo, os dados existentes são parcos, apesar de o enquadramento legal prever a obrigatoriedade da sua comunicação por parte das entidades cooperativas. Seria importante que os setores do Governo que tutelam departamentos da administração com responsabilidades na recolha e tratamento desta informação se mobilizassem no sentido de rever o enquadramento legal, de modo a tornar possível a obtenção dos dados fiáveis e atualizados que permitirão um real conhecimento do setor para a definição das políticas mais adequadas.
RkJQdWJsaXNoZXIy MTgxOTE4Nw==