Cultivar_32

7 Cooperativas é o tema escolhido para o n.º 32 da Cultivar – Cadernos de análise e prospetiva no qual procuramos, como habitualmente, fornecer alguns dados de caracterização e partilhar análises. A principal questão para reflexão é: o modelo cooperativo, sobretudo no setor agroalimentar, dá uma resposta vantajosa para os produtores se adaptarem ao contexto económico, social e tecnológico e às suas mudanças? As cooperativas são um tipo de organização que se insere num quadro da Economia Social, a qual abrange um conjunto diversificado de organizações, como cooperativas, associações mutualistas, fundações e instituições de solidariedade social, que operam com base em princípios de solidariedade, participação democrática e primazia das pessoas sobre o capital. A criação das cooperativas agrícolas remonta ao século XIX, início do século XX, surgindo como resposta às necessidades dos agricultores em matéria de crédito, seguros, acesso a serviços e fatores e negociação comercial para o escoamento da produção. Estas associações foram-se institucionalizando e ganhando autonomia através de legislação específica, permitindo que se expandissem e se consolidassem como agentes económicos relevantes. Em Portugal, com maior ou menor intervenção do Estado, o movimento cooperativo expandiu-se e tem um reconhecimento institucional, sendo protegido na nossa Constituição, como é descrito pelo Professor Jorge Miranda no seu artigo desta edição. Contudo, a economia nacional e o setor agrícola desenvolvem-se, quer a nível do mercado único europeu quer no comércio com países terceiros, essencialmente num modelo de Economia de Mercado que opera num sistema onde a alocação de recursos é determinada principalmente pela oferta e procura, sendo o lucro o principal motor das empresas. Este modelo tende a incentivar a inovação, a eficiência produtiva e a competitividade, resultando em maior crescimento económico e diversidade de produtos e serviços. Mas há que reconhecer que as condições de funcionamento eficiente dos mercados têm muitas exceções, nomeadamente quando se põem em concorrência pequenos produtores face a grandes grupos empresariais, com poderes negociais muito assimétricos. Deste modo, a Economia Social pode complementar a Economia de Mercado com abordagens distintas da organização da atividade económica. Editorial EDUARDO DINIZ Diretor-geral do GPP

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