Cultivar_32

78 CADERNOS DE ANÁLISE E PROSPETIVA CULTIVAR N.º 32 DEZEMBRO 2024 – Cooperativas Mas tem vindo também, e gradualmente, a incorporar métricas de sustentabilidade ESG5 – Ambiental, Social e de Governação –, exigindo uma maior prestação de contas e transparência aos seus agentes, como demonstra o quadro regulatório europeu para a sustentabilidade, pelo que deixamos uma nota final sobre esta temática. Consideramos que as características intrínsecas à governação das cooperativas, bem como os princípios e valores pelos quais se regem, e que são a sua marca distintiva relativamente a outras formas organizativas, poderão configurar uma vantagem na abordagem destas matérias. As cooperativas são, por definição, criadas para dar resposta às necessidades dos seus membros, tendo características específicas de governação, entre as quais: são detidas pelos membros, a tomada de decisão é democrática, são não especulativas e impõem limites à distribuição de lucros/excedentes, elementos que concorrem para a sustentabilidade e transparência destas organizações e da sua atividade. Relativamente às questões sociais e ambientais, as cooperativas têm no 7.º Princípio Cooperativo – Interesse pela Comunidade – uma diretriz que define que estas trabalham a favor do desenvolvimento sustentável das suas comunidades, mediante políticas aprovadas pelos membros. Este princípio deve ser concretizado, de acordo com as notas de orientação para os princípios cooperativos da Aliança Cooperativa Internacional6, através do desenvolvimento social sustentável, do compromisso com a paz e a justiça social, da preocupação com os empregados, 5 Environmental, Social and Governance 6 https://ica.coop/en/media/library/research-and-reviews/guidance-notes-cooperative-principles 7 OECD (2022), “Unlocking the potential of youth-led social enterprises”, OECD Local Economic and Employment Development (LEED) Papers, No. 2022/11, OECD Publishing, Paris https://doi.org/10.1787/d5bddad8-en os jovens, o desenvolvimento económico sustentável e a sustentabilidade ambiental. Simultaneamente, é preciso não esquecer que as gerações mais jovens dão cada vez mais importância à prossecução de carreiras com impactos sociais e ambientais positivos. De acordo com o relatório da OCDE de 2022 sobre empresas sociais lideradas por jovens7, o inquérito Eurobarómetro à Juventude 2021 conclui que os jovens (dos 16 aos 30 anos) dão prioridade à prossecução de carreiras em que possam atingir objetivos como o combate à pobreza e à desigualdade, a luta contra as alterações climáticas ou a redução do desemprego. Refere também que quase metade dos jovens entre os 17 e os 26 anos inquiridos em 45 países de África, Américas, Ásia-Pacífico, Europa e Médio Oriente estão a fazer escolhas sobre os tipos de trabalho e organizações para as quais irão trabalhar com base na sua ética e que 40,6% dos jovens entre os 18 e os 35 anos em todo o mundo consideram o sentido de propósito ou o impacto na sociedade como um dos critérios mais importantes quando se consideram as oportunidades de emprego. É por isso que um maior foco na concretização dos princípios e valores do cooperativismo, revitalizando conceitos como democracia, solidariedade, equidade, transparência e preocupação pela comunidade e pelo ambiente poderá revelar-se uma vantagem competitiva real, que atrai talento e inovação, sendo o Ano Internacional das Cooperativas 2025 uma oportunidade para dar destaque a este potencial modernizador.

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