Cultivar_4_Tecnologia

cadernos de análise e prospetiva CULTIVAR N.º 4 JUNHO 2016 24 tado tecnologias cujo fundamento e dimensão científica ainda não estão totalmente estudados. Dadas estas limitações, o que se verifica na prática é que os sistemas de controlo existentes em cultu- ras não protegidas são maioritariamente semiauto- máticos. O produtor dispõe de um sistema de infor- mação que o apoia na tomada de decisão, mas a ultima palavra é sempre sua e a implementação da prescrição é manual. São exemplos disso a condu- ção da rega através de sondas de água no solo, a aplicação diferenciada de fertilizantes em função de cartografia de índices de vegetação, a monito- rização automática de armadilhas para controlo de pragas, a monitorização automática de calibres nas fruteiras, a monitorização automática do trabalho de tratores e máquinas no terreno, entre outros. Atualmente todos estes sis- temas de controlo são para- lelos e específicos para cada umas das áreas em que se aplicam. No entanto, é reconhecido pelos seus uti- lizadores que sua utilização permite aumentar o conhe- cimento que têm das suas culturas e em resultado disso tomar melhores decisões. Deste modo, pou- pam-se fatores ou aplicam-se de forma mais ajus- tada quer temporal quer espacialmente e, assim, conduzindo a melhor performance final. Torna-se, dessa forma possível, obter mais e/ou melhor pro- dução por unidade de fator utilizado, i.e., torna-se possível melhor a eficiência e eficácia dos fatores de produção, pedra basilar da sustentabilidade. A tomada de decisão suportada por sistemas de informação melhora a qualidade da decisão e reduz o risco associado. Por este motivo, o investimento nestes sistemas deve ser encorajado de forma a generalizar os seus benefícios juntos dos produto- res. Da parte de quem os desenvolve, deve ser feito um esforço no seu aperfeiçoamento e na sua gene- ralização a áreas atualmente da gestão das cultu- ras menos cobertas. Desta forma, a médio prazo, será possível ao produtor dispor de uma ferramenta de gestão unificada e integrada de toda a explora- ção agrícola. Conclusão Na sinergia entre a georreferenciação de dados e a capacidade das TICE em medir, avaliar e atuar sobre o sistema agrícola, juntamente com conheci- mento agronómico estará, em nossa opinião, uma grande oportunidade para tornar os sistemas cultu- rais mais produtivos e sustentáveis sem colocar em causa o ambiente. Esta via terá certamente muito a dar no sentido da “intensificação sustentável”. Quem conhece a prática da atividade agrícola, facil- mente reconhecerá que muito há a fazer no sentido da sistematização e otimização de procedimentos, na criação de métricas e no desenvolvimento de siste- mas de informação integra- dos que ajudem os produ- tores a ser mais eficientes, otimizando as suas explora- ções. Muitas vezes o famoso “ano médio” não passa do ano anterior. Ou, a complexidade da gestão da exploração está “repartida” por diversas pessoas (nas suas “cabeças” e não num sistema informá- tico) na exploração. A gestão agrícola terá que ganhar, de facto, o desafio da integração do conhecimento, desde a formação dos técnicos nas instituições de ensino até à prática no campo e formação continuas. O produtor agrícola é um gestor integrado de um sistema complexo que pretende otimizar. Para isso, precisa de ferramentas de gestão necessariamente complexas (mas simples de usar) que comtemplem as diversas dimensões atuais e futuras da realidade física, química, bioló- gica, ambiental, económica ou meteorológica. A base de qualquer sistema de gestão são os dados de caracterização de recursos (solo, clima, etc.) … uma grande oportunidade para tornar os sistemas culturais mais produtivos e sustentáveis sem colocar em causa o ambiente. Esta via terá certamente muito a dar no sentido da “intensificação sustentável”.

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