Cultivar_4_Tecnologia

Biotecnologia e Melhoramento Vegetal 35 tram atualmente em curso, incluindo-se nestas o aumento da temperatura, mas também os fenóme- nos climatéricos extremos e a degradação da quali- dade dos solos aráveis. No entanto existe também uma forte pressão no sentido de se reduzirem os impactos dos efeitos da atividades agrícolas no ambiente, associadas a uma perspetiva de sustentabilidade que se baliza sobretudo na componente ambiental. E existe uma mitologia assente na perspetiva de que as espé- cies vegetais utilizadas na agricultura são “natu- rais”, tendo na verdade, todas elas, sofrido profun- das alterações decorrentes da sua domesticação e melhoramento pela espécie humana. A biotecnologia, por si só, não permitirá resolver os problemas de falta de alimento. No entanto, as diversas formas de melhoramento baseadas na pre- cisão molecular, associadas ao uso consciente das variedades disponíveis e a práticas agrícolas ade- quadas às condições edafoclimáticas (fig. 7) per- mitirão alterar significativamente o panorama da produção vegetal no planeta, permitindo desenvol- ver variedades que possam responder às necessi- dades atempadamente, sendo certo que será sem- pre necessário desenvolver novas respostas para novas situações que se irão colo- cando. Portugal poderá usufruir desta dinâmica? A inte- gração na União Europeia implica uma partilha da tomada de decisão com os restantes países da União. Neste momento a UE, não relegando o desenvolvimento da conhecimento que é a base do desenho dos processo biotecnoló- gicos acima referidos, não aceita as soluções para melhoramento baseado na recombinação do DNA. Isso implica que atualmente só seja possível utili- zar a resistência às brocas, em variedades de milho, para produzir no nosso país. Por outro lado a falta de capacidade de investimento nacional não per- mite uma atividade sustentada de melhoramento das espécies vegetais mais importantes da nossa agricultura. E a maioria dos poucos programas de melhoramento que existem não recorrem de forma consistente ao uso de marcadores moleculares, sequer a cruzamentos controlados. Assim, os agri- cultores nacionais e os con- sumidores só tardiamente virão a usufruir das varieda- des mais produtivas, com a agravante de que não serão desenvolvidas para as necessidades específicas do país. Urgiria o desenvol- vimento de programas de melhoramento dirigidos às necessidades nacionais, capazes de incorporar as diversas ferramentas biotecnológicas, de forma a maximizar a sua precisão e a velocidade com que se viriam a obter as novas variedades. Assim, os agricultores nacionais e os consumidores só tardiamente virão a usufruir das variedades mais produtivas, com a agravante de que não serão desenvolvidas para as necessidades específicas do país. Figura 7 – Integração do melhoramento vegetal com a biotecnologia e com os sistemas agronómicos com a gestão do risco do uso das novas variedades ariedades.

RkJQdWJsaXNoZXIy NDU0OTkw