Cultivar_4_Tecnologia

cadernos de análise e prospetiva CULTIVAR N.º 4 JUNHO 2016 64 Analisando a decomposição dos fatores explicati- vos da variação do potencial agrícola do Continente (quadro 3.1), retêm-se duas conclusões gerais: • O fator variação das produtividades tem uma influência insignificante na evolução do poten- cial, o que é lógico dada a hipótese de estabili- dade das produtividades dos módulos produti- vos subjacente ao presente exercício; • O subfator variação dos recursos e produtividade relativa diferencial 7 tem uma interferência pre- ponderante na determinação do valor global dos impactos na variação do potencial agrícola, iden- tificável nos dois setores, embora de forma mais acentuada no vegetal. Considerando os tipos de impacto, os treze grupos de atividades reunem-se em quatro conjuntos. O primeiro inclui seis grupos, dois animais e quatro vegetais, todos com impacto negativo no potencial agrícola e sinais também negativos nos dois subfa- tores da variação de recursos e produtividade rela- tiva , sendo este conjunto o mais influente na dimi- nuição do potencial agrícola do Continente, pois o seu contributo orça -17,4%, um valor próximo da quebra do potencial total (-18,4%). Três des- ses seis grupos – vacas leite , outras culturas tem- 7 Note-se que no cálculo do subfator variação dos recur- sos e produtividade relativa diferencial a taxa de variação dos recursos é multiplicada pela produtividade relativa diferencial, que tem valor negativo quando a produtivi- dade relativa é menor que um. Daí resulta que o valor deste subfator é positivo quando a taxa de variação dos recursos e a produtividade relativa diferencial são ambas negativas ou ambas positivas e negativo quando as duas variáveis têm sinais contrários. O que é lógico, pois este subfator visa registar os efeitos negativos da diminuição do peso dos módulos com produtividades superiores à média setorial e do aumento dos que têm produtividades inferiores a essa média. Tal não altera a coincidência dos sinais do fator variação de recursos e produtividade rela- tiva e da taxa de variação dos recursos, pois no seu cál- culo essa taxa é a única variável interveniente que pode assumir valores negativos. porárias regadas e fruteiras e vinha não regadas – assumem o papel decisivo, pois determinam um impacto conjunto de -15%. O que explica esse resul- tado tão negativo são o elevado peso destes gru- pos no potencial, determinado pela conjugação de altas produtividades e forte peso nos recursos, e as grandes reduções dos seus recursos e potencial. O segundo conjunto é composto por três grupos – ovinos e caprinos, culturas temporárias não rega- das e olival não regado – que contribuíram também para a diminuição do potencial agrícola (-5,1%), neste caso, devido ao forte recuo dos seus recursos. O terceiro conjunto inclui dois grupos – vacas alei- tantes e pastagens permanentes – que contribuem para aumentar o potencial agrícola (1,2%), embora de forma muito limitada, devido às suas reduzidas produtividades e apesar do grande aumento dos seus recursos. O quarto e último integra dois grupos de atividades vegetais – vinha e olival regados e horticultura exten- siva – cujo contributo para o aumento do potencial produtivo agrícola (2,9%), apesar de modesto, se enraíza em fatores estruturais (produtividade rela- tivas) e dinâmicos (taxas de variação dos recursos e do potencial) globalmente positivos. Da análise por grandes subsistemas produtivos dos impactos sobre o potencial agrícola, conclui-se: (1º) As evoluções em 1999-2009 dos sistemas de regadio e de sequeiro 8 , globalmente conside- rados, contribuíram em grau semelhante para reduzir o potencial agrícola do Continente (impactos respetivamente de -8,3% e -8,7%); 8 Não se incluem as atividades outros bovinos e culturas industriais , cujo impacto conjunto no potencial agrícola foi de -1,4%, porque têm componentes significativas nos sistemas de regadio e de sequeiro, sem que seja possível estimar os respetivos pesos com base na informação utli- zada.

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