Cultivar_5_Economia da agua

ALQUEVA – Impactos agrícolas, territoriais e ambientais 23 queira situar, não pode deixar de salientar-se a limi- tação destes potenciais impactos a uma pequena parte (za3 e za4) da bacia do Guadiana, um pouco também na do Sado. A imensidão do Alentejo con- tinuará a ser a paisagem Mediterrânea que sempre foi, dos “cabeços redondos de estevas adormeci- das, dos barrancos entre encostas…”, dos monta- dos de sobro e azinho com a sua silvo-pastorícia e as culturas de sequeiro, salpicados dos pequenos regadios captando a água em pequenas albufeiras, ou charcas ou abastecimen- tos subterrâneos, com que a iniciativa privada alentejana há muito se habituou a res- ponder, como tem sabido, à relativa adversidade natu- ral. Deve salientar-se aqui este papel relevante da ini- ciativa privada na humani- zação da paisagem alente- jana. Enquanto os regadios de iniciativa estatal, ainda que com a dimensão do de Alqueva, têm forçosamente uma presença limitada na ocupação do território, os privados somam áreas que devem notar-se. Do recenseamento agrícola de 1999 para o de 2009 (INE 2011a) salienta-se que, em todo o País com exce- ção da região Alentejo, diminuíram quer o número de explorações agrícolas com regadio, quer o de áreas efetivamente regadas. Nessa comparação, o Alentejo revela um aumento de 17% das áreas regadas, que só em muito pequena parte pode atri- buir-se diretamente aos novos regadios de Alqueva. São, portanto, regadios de iniciativa privada, ainda que eventualmente estimulada e apoiada (indire- tamente) pela dinâmica dos novos regadios públi- cos. É curioso notar que os regadios privados fazem aumentar a proporção das culturas menos exigen- tes em dotação de rega. Deve contar-se no futuro com essa dinâmica de conjunto de iniciativa esta- tal e privada para tirar o máximo partido da água na ocupação do território e desenvolvimento do Alentejo. 3. Necessidades de água para rega No cálculo das necessidades úteis de rega utilizou- -se o modelo ISAREG (Teixeira e Pereira, 1992; Tei- xeira, 1994), considerando que as necessidades de água da cultura são parcialmente satisfeitas pela precipitação efetiva e pela reserva de água do solo. As necessidades úteis de rega no intervalo de tempo que constitui o ciclo cultural são assim cal- culadas como a diferença entre a quantidade de água disponível no solo uti- lizado pela cultura e a água que dele é extraída devido às solicitações atmosféri- cas (transpiração da cul- tura e evaporação de água do solo). Para todos os grupos de cul- turas analisados, as neces- sidades úteis foram deter- minadas para as condições mais favoráveis à obtenção da máxima produção, com os coeficientes culturais da cultura mais represen- tativa de cada grupo, tal como recomenda o bole- tim nº 56 da FAO (Allen et al., 1998). Os resultados da execução do modelo ISAREG para cada zona de análise e grupo de culturas estão listados no qua- dro VIII. As necessidades totais de rega (quadro IX) foram determinadas para cada zona de análise e grupo de cultura a partir das necessidades úteis de rega (qua- dro VIII) e das áreas de regadio inventariadas (qua- dro VII), considerando os valores de eficiência de rega em função do método de aplicação: 90% para a rega localizada e 75% para rega por aspersão. A rega por gravidade expressa nos resultados do RA 2009 compreende um total de 2,3% da área agrícola de regadio na bacia do Guadiana, podendo-se con- siderar (em termos totais) residual relativamente ao total da área regada pelos restantes métodos com melhores eficiências na aplicação da água. São regadios de iniciativa privada, ainda que eventualmente estimulada e apoiada (indiretamente) pela dinâmica dos novos regadios públicos. É curioso notar que os regadios privados fazem aumentar a proporção das culturas menos exigentes em dotação de rega. Deve contar-se no futuro com essa dinâmica de conjunto de iniciativa estatal e privada para tirar o máximo partido da água na ocupação do território e desenvolvimento do Alentejo.

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