Cultivar_5_Economia da agua

CADERNOS DE ANÁLISE E PROSPETIVA CULTIVAR N.º 5 SETEMBRO 2016 32 água. Por outro lado, a erosão só se verificará se as partículas do solo estiverem suscetíveis de serem destacadas, isto é, se a agregação estiver suficien- temente fraca para que o destacamento das par- tículas se verifique. Chama-se erodibilidade a esta suscetibilidade do solo à erosão. De constatar que a erosão resulta da conjugação de erosividade (da água) com erodibilidade (do solo), podem retirar- -se de imediato algumas indicações de tecnologias para o combate ao fenómeno: desde logo, vê-se que há fatores da água e do escoamento, outros do solo e das culturas, o que permite salientar que uma agricultura conservativa (do solo e da água) con- jugará técnicas agronómicas e hidrológicas, como ilustra a Figura 10. A cobertura vegetal da superfície do solo retardará o escoamento da água (da chuva ou da rega), retirando-lhe erosividade, promovendo a infiltração (o que irá contribuir para a conserva- ção da água). A mesma cobertura vegetal fornece matéria orgânica ao solo, onde a prazo dará origem a ácidos húmicos, que fazem a agregação das par- tículas do solo, diminuindo-lhe a erodibilidade. Se a terra não for mobilizada, ou o for minimamente, a matéria orgânica do solo não se degradará por oxidação e as condições de boa agregação man- ter-se-ão. A contribuir para uma agricultura con- servativa, podem ainda apontar-se a escolha das culturas protetoras da superfície e a sua alternân- cia nas folhas de cultura e ainda a cultura em fai- xas alternadas com culturas mais e menos proteto- ras. Se as faixas forem de nível (perpendiculares à linha de maior declive do terreno), terão a máxima eficiência na diminuição da erosividade da água e aumento da sua infiltração. Se no limite de cada faixa, ao longo da curva de nível, se estabelecer uma pequena vala (e cômoro) que facilite o escoamento late- ral da água não infiltrada, estará definida uma rede de drenagem de superfície e eli- minados os riscos de erosão e de excesso de água. A Figura 10 ilustra algumas formas de apli- cação destas técnicas conser- vativas agronómicas e hidráu- licas. Estas tecnologias de proteção do solo e conserva- ção da água são relativamente simples e económicas, mas a erosão e as necessidades de drenagem não são fenómenos espetaculares, nem sempre são suficientemente visíveis. Frequentemente, o agricultor negligencia-as, pressionado para obter lucros imediatos e resultados visíveis, sem se aperceber da perda de potencial económico com a erosão do fator de produção fundamental que é o solo. No regadio, os riscos são potencialmente ampliados. No rega- dio de Alqueva, há solos (nomeadamente os pre- dominantes Vertissolos e Luvissolos) especialmente sensíveis a esta degradação, constituindo um fator de insustentabilidade que merece atenção. Nestes casos, o problema reside por um lado na má dre- nagem, que facilmente provocará excesso de água à superfície, com escoamento e a respetiva erosivi- Figura 8 – Esquema de interações físicas, químicas e biológicas que têm lugar no solo cultivado, determinando a sustentabilidade do uso agrícola do solo e da água

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