Cultivar_5_Economia da agua

ALQUEVA – Impactos agrícolas, territoriais e ambientais 33 dade, por outro lado à escassez de matéria orgâ- nica no horizonte superficial do solo que, especial- mente nos Luvissolos, conduzirá a má estrutura e daí a elevada erodibilidade do solo. Observe-se de novo a Figura 8, para referir outros aspetos essenciais da conservação do solo e da água em regadio. Note-se que os sedimentos resultantes da erosão, contendo nutrientes que constituíam a fertilidade do solo (N, P, K, Ca, Mg, etc., com des- taque neste processo para o P) são transportados até às águas de superfície (albufeiras, rios ou lagos), onde podem criar condições nutritivas para o desenvolvimento de vegetação aquática, que usará então o oxigénio dissolvido na água. É o fenómeno da eutrofização das águas de superfície, que por falta de oxigénio ficam insalubres, reduzindo-se a biodiversidade aquática. No outro lado, as águas que se infiltram atravessam o perfil do solo, rece- bendo nesse percurso os sais solúveis do solo, com destaque neste processo para o azoto nítrico NO 3 - , que vão contaminar as águas subterrâneas. Se hou- ver excesso de água no perfil do solo (situações de má drenagem), a toalha freática sobe e com ela os sais, que podem depositar-se no perfil do solo, eventualmente degradando-lhe a estrutura e tor- nando-o sensível à erosão, retomando o ciclo de degradação do solo e da água que se descreveu. Mas o fenómeno da salinidade em regadio e a sua relação com as condições de drenagem do solo tem papel extremamente importante, devendo dar-se- -lhe aqui maior atenção. Os sais de que se trata – Ca ++ , Mg ++ , K + , Na + – consti- tuem as bases de troca do solo, base da fertilidade. É particularmente relevante neste papel, pela sua dinâmica química e pela presença quantitativa, o Ca ++ e até certo ponto o Mg ++ . Estes catiões ocupam as posições de troca na superfície dos minerais da argila e nos ácidos húmicos, fazendo assim ligações muito estáveis, quimicamente fortes, entre a maté- ria mineral e a orgânica, em complexos (argilo-hú- micos) que constituem os microagregados, base da estrutura do solo. Este é um papel altamente posi- tivo, definidor da fertilidade do solo, da porosidade, da infiltrabilidade, da resistência à erosão. É também a presença dos sais na água do solo que define o potencial osmótico do solo. Em excesso de sais, este potencial pode ser demasiado elevado, as raízes das plantas acabando por ter dificuldade de extrair da água os nutrientes que precisam. É esse excesso de potencial osmótico que constitui o fenómeno da salinidade e a dificuldade de nutrição vegetal (num solo com excesso de nutrientes) é o seu principal efeito. Para o combater, há que remover do solo o excesso de sais, por lavagem (lixiviação), que requer a disponibilidade de grandes quantidades de água de boa qualidade, sem os sais que é preciso remo- ver. Nem sempre é fácil dispor em quantidade sufi- ciente dessa água de qualidade, porque as águas próximas dos solos a tratar já estão elas próprias Figura 9 – Exemplos de aplicação de tecnologias conservativas do solo e da água: em cima, faixas de nível com culturas alternadas; em baixo, faixas de nível, com vala e cômoro para drenagem de superfície

RkJQdWJsaXNoZXIy NDU0OTkw