Cultivar_6_Comercio Internacioanl

cadernos de análise e prospetiva CULTIVAR N.º 6 NOVEMBRO 2016 14 mais desenvolvida que boa parte da agricultura euro- peia. Criou-se um impasse na negociação, pois os países emergentes não aceitam ser tratados de forma dife- rente dos outros países em vias de desenvolvimento. Este impasse foi criado antes do mais recente cres- cimento da resistência à globalização e maior aber- tura comercial, que é patente na UE e nos EUA. Não se perspetiva que o impasse seja ultrapassado no futuro próximo. Com a Ronda de Doha para- lisada ou mesmo compro- metida, a única via de libera- lização de trocas comerciais é através de acordos bilate- rais. Daí em parte o lança- mento do TPP e do TTIP (a outra parte tem a ver com cálculos geopolíticos que não cabem neste artigo). Perspetivas de evolução do modelo atual de comércio internacional O modelo atual trouxe muitos benefícios para o comércio agrícola, que assistiu a uma grande expan- são. Entre 1980 e 2014 o comércio mundial de pro- dutos agrícolas duplicou em termos reais, ultrapas- sando 1,5 bilhões de euros. A expansão do comércio agrícola trouxe muitas van- tagens para os consumido- res, que passaram a dispor de alimentos mais bara- tos, com maior diversidade e escolha ao longo do ano, ultrapassando a sazonalidade da produção local. A produção agrícola também cresceu, e em muitos países os rendimentos dos agricultores seguiram esta tendência positiva. Mas nem tudo são rosas na expansão do comércio agrí- cola, também há espinhos. A liberalização gradual do comércio trouxe mais con- corrência para os produtores, e tornou os mercados domésticos mais dependentes das evoluções dos mercados mundiais. Quando o preço dos cereais baixa no mercado mundial, ele também baixa na UE. O mesmo se pode dizer doutros produtos. A situação na UE é a que mais nos interessa e por isso importa analisar as consequências dos acordos comerciais em que a UE é interveniente. A UE negociou, ou esta a negociar, dezenas de acor- dos comerciais, mas para o setor agrícola há dois que se destacam pelos desafios que criam – o TTIP e o Mercosul. O TTIP e o maior acordo comercial jamais nego- ciado, entre os dois maiores blocos comerciais do mundo. O nível de ambição é grande, pois visa ir além da liberalização do comércio de bens e servi- ços, para estabelecer normas e standards comuns (que se tornariam naturalmente normas e standards mundiais dada a dimensão dos dois mercados). No setor agrícola deparamo- -nos com um paradoxo: a UE tem uma balança comercial excedentária com os EUA de cerca de 6 mil milhões de euros por ano; mas os EUA gozam dum excedente comercial agrícola Com a Ronda de Doha paralisada ou mesmo comprometida, a única via de liberalização de trocas comerciais é através de acordos bilaterais. Daí em parte o lançamento do TPP e do TTIP A expansão do comércio agrícola trouxe muitas vantagens para os consumidores, que passaram a dispor de alimentos mais baratos, com maior diversidade e escolha ao longo do ano, ultrapassando a sazonalidade da produção local. A produção agrícola também cresceu, e em muitos países os rendimentos dos agricultores seguiram esta tendência positiva. A liberalização gradual do comércio trouxe mais concorrência para os produtores, e tornou os mercados domésticos mais dependentes das evoluções dos mercados mundiais.

RkJQdWJsaXNoZXIy NDU0OTkw