Cultivar_7_O risco na atividade economica

cadernos de análise e prospetiva CULTIVAR N.º 7 MARÇO 2017 70 eram feitas e as indemnizações pagas na maior serenidade. A infraestrutura Montar uma apólice para 20 000 beneficiários carece de uma infraestrutura de gestão da informação. Já nos anos 90, o nosso sistema informático registava o cadastro individual (mais tarde, e ainda hoje, em ligação com o IVV-IFAP), bem como as produções de cada viticultor a cada ano, elemento necessário para o cálculo do histórico de produção que per- mite estabelecer a apólice. Em complemento, foi necessário desenvolver um sistema de gestão e validação das participações de sinistro. Se, em alguns anos, as participações de sinistro são escassas e poderiam até ser tratadas manualmente, outros houve em que tivemos mais de 3 000 participações em dezenas de concelhos. E, como é natural, todas dão entrada num período muito curto, nos dias ou semanas que se sucedem a uma geada ou granizo. O programa informático desenvolvido nessa altura permite a entrega das participações via internet diretamente no sistema, que as valida quanto à identificação do produtor, sua inclusão na apólice, áreas e produções, enca- minhando a participação já validada para a equipa de peritos. As coberturas do SIPAC e as novas opções Sem SIPAC, nunca teríamos feito este caminho. E mais: o modelo atual é uma evolução muito baseada naquele que o SIPAC definiu, porquanto este era robusto. O quadro legal comunitário dá-nos maior liberdade de formatação da apólice, mas as regras base do SIPAC continuam a ser atuais. As coberturas mais chamadas foram, claramente, a geada e o granizo. A primeira, avassaladora nos anos 90, com mais de 90% das participações em alguns anos e gradualmente perdendo importân- cia. A segunda em crescendo. Após a conversão do enquadramento SIPAC para o quadro comunitário, introduzimos a cobertura do escaldão, que em 2015 teve já 55 participações. O incêndio é uma cober- tura com alguma procura, embora se alerte aqui que a apólice cobre a perda de colheita e não a perda da vinha. O raio e a queda de neve não têm expressão. É muito interessante que se desenvolva trabalho, seja nos privados e na administração, seja nas uni- versidades, em articulação com as seguradoras, para estudar e documentar novas coberturas (fenó- menos como a chuva na floração ou o ataque exce- cional de doenças para as quais foi feito oportuna- mente o tratamento adequado). O processo de contratação Seguimos desde o primeiro ano o modelo de um concurso simples, com convite a candidaturas e análise das propostas. Creio que houve um ano em que convidámos os candidatos a refazerem propos- tas que estavam muito próximas. Em 19 anos, con- tratámos com ummediador, no primeiro ano, e com uma seguradora, nos restantes. Enquanto clientes, temos todo o interesse em obter mais candidatos e propostas mais competitivas, embora, claramente, não seja fácil dada a escassez do mercado. Este ano, tivemos dois interessados no caderno de can- didatura, extensa troca de mensagens e informa- ção, mas apenas uma proposta. Dificuldades – encaixar nomodelo definido A apólice dos Verdes é sui generis , no sentido em que a filosofia é a de estabelecer uma apólice para toda a Região e não a de agrupar um conjunto de produtores previamente interessados na apólice. Existe, é claro, uma manifestação de vontade indi- vidual do agricultor, em campo próprio na Decla- ração de Colheita e Produção. Porém, a vasta lista de beneficiários torna impossível a especificação de variantes individuais que, aliás, fariam todo o sentido como, por exemplo, beneficiar os produto-

RkJQdWJsaXNoZXIy NDU0OTkw