Cultivar_7_O risco na atividade economica

cadernos de análise e prospetiva CULTIVAR N.º 7 MARÇO 2017 94 • O decréscimo da produção vegetal em volume (-10,4%), para o qual terão contribuído negativa- mente o setor do vinho 6 (-20%), seguido do setor dos frutos 7 (-10,9%), dos vegetais e produtos hor- tícolas 8 (-11,5%), e dos cereais 9 (-5%). Inversa- mente a estas variações, a produção de azeite (2,9%) 10 e de plantas forrageiras (6,7%) aumen- tou, amenizando a quebra em volume da produ- ção vegetal. • Em contraste com a produção vegetal, a pro- dução animal cresceu ligeiramente em volume (0,4%), em resultado sobretudo da produção bovina (3,4%), com o acréscimo dos abates, e 6 A diminuição da produção de vinho resultará da ocorrên- cia de acidentes fisiológicos e doenças. Segundo o INE “Na vinha, a ocorrência de acidentes fisiológicos, nomea- damente desavinho e bagoinha (desencadeados pela precipitação intensa na fase da floração/alimpa) contri- buíram para a redução em 20% da produção de vinho.” 7 A diminuição do volume de frutos dever-se-á às condi- ções meteorológicas adversas que afetaram a produção de maçã, pera, pêssego, kiwi e cereja. Ainda assim, os pre- ços dos frutos aumentaram. De acordo com o INE, “A falta de frio no inverno e as deficientes condições de poliniza- ção e vingamento dos frutos afetaram as produções de maçã (-30%), pera (-20%) e kiwi (-25%). A produção da amêndoa, particularmente das variedades mais precoces, foi igualmente prejudicada.” 8 A variação negativa da produção de vegetais e produ- tos hortícolas será resultado, sobretudo, da diminuição de produção de tomate para a indústria, que terá sido afetada pelas condições meteorológicas desfavoráveis. Segundo o INE, “Quanto às culturas temporárias de pri- mavera/verão, a precipitação intensa em maio e as ele- vadas temperaturas de julho e agosto condicionaram o rendimento do tomate para a indústria, com reflexo na produção que diminuiu 15%.” 9 O decréscimo verificado decorrerá da redução de área semeada de milho, que se deverá á situação desfavorá- vel do mercado. De acordo com o INE, “Dificuldades na instalação das searas e problemas na floração e matura- ção, causados pelas altas temperaturas estivais, determi- naram igualmente decréscimos das produções de milho e arroz”. 10 A produtividade nos olivais deverá registar uma redução de 15%, apesar de as chuvas outonais terem promovido o aumento do calibre das azeitonas. da produção de aves de capoeira (3,5%). É tam- bém de destacar a variação negativa da produ- ção de leite 11 (-3,8%). O volume de consumos intermédios utilizado na ati- vidade agrícola tem vindo a crescer, entre 2010 e 2016 (8,7%), sobretudo devido às aquisições de serviços, nomeadamente, manutenção de máquinas (52%) e de edifícios (33%), “outros bens e serviços” (25%) e serviços de intermediação financeira (12%). Os valores contabilizados no item “outros bens e serviços” são muito diversos, em resultado nomea- damente das diferentes estruturas produtivas e métodos de produção. Apesar da característica “diversidade”, os “outros bens e serviços” são, na UE27, os segundos maiores itens da estrutura de consumos intermédios, sendo por esta razão neces- sário conhecer os verdadeiros valores para a deter- minação correta do VAB e do rendimento. Estudo elaborado pelo Eurostat revela que em 2007, os “outros bens e serviços” pesavam em média 14% na estrutura de consumos intermédios, embora variando entre EM (entre 3% na Polónia a 26% em Portugal), em resultado dificuldades associa- das à contabilização, nomeadamente, custos não incluídos, custos mal classificados (e.g. em vez de serem classificados como “outros bens e serviços” são classificados como “serviços agrícolas”); sobre e subvalorização (perigo de dupla contabilização). No período 2010-2015, verificou-se um ritmo de crescimento significativo da FBCF agrícola (média anual: 2,5% em volume). Saliente-se que o investi- mento na agricultura tem evoluído de forma dife- renciada do conjunto da economia, em particular nos últimos anos, em que apresentou crescimentos positivos em contraste com o investimento na eco- nomia portuguesa (média anual 2010-2015: -5,8%). 11 Em 2016, a produção de leite diminuiu (-3,8%), em resul- tado dos efeitos negativos provocados pela descida dos preços.

RkJQdWJsaXNoZXIy NDU0OTkw