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Agricultura e biodiversidade: uma diversidade de temas 17 cas do interior da floresta (por oposição às espé- cies de orla, que poderão ser beneficiadas); deste modo, a diversidade alfa da comunidade florestal poderá diminuir. Contudo, cria-se uma elevada heterogeneidade entre ecossistemas à escala da paisagem: 1) entre a comunidade florestal e as comunidades aber- tas criadas pela intervenção humana; e 2) entre as diversas manchas de comunidades abertas em diferentes momentos da sucessão ecológica post- -fogo, post-pastoreio ou post-lavoura (fases herbá- ceas, subarbustivas, arbustivas e florestais). Cresce, assim, a diversidade beta, isto é diversidade de elenco de espécies entre ecossistemas, e apare- cem novas espécies, que ocupam os habitats aber- tos (previamente inexistentes ou mais exíguos). Se estas novas espécies dos espaços abertos supera- rem, em número, as espécies florestais interiores que eventualmente sofram extinção local, crescerá também a diversidade gama (i.e., ao nível da pai- sagem). Neste balanço de espécies ganhas e perdidas, há que ter em conta o estatuto de conservação das diversas espécies a níveis hierarquicamente supe- riores, isto é, ao nível nacional, regional ou mesmo global. Neste tipo de avaliação das espécies ganhas e per- didas, diversos biólogos da conservação invocam frequentemente o estatuto pouco valioso ( weedy ) das espécies ganhas com a intervenção humana para chegarem a uma avaliação essencialmente negativa do impacte desta intervenção na biodiver- sidade. Nas palavras de Noss e Csuti (1997), ”A sub- divisão ou fragmentação de habitats pode aumen- tar o número de espécies, mas frequentemente favorece espécies weedy – isto é, aquelas que pros- peram em áreas perturbadas pelo homem – relati- vamente às espécies mais sensíveis. Muitas reser- vas naturais pequenas e isoladas são bastante ricas em espécies, mas as espécies exóticas e oportunis- tas substituíram espécies nativas, que foram con- duzidas à extinção local (...). Deste modo, o rácio de espécies exóticas face às nativas e a análise, ao nível populacional, de extinções e colonizações são frequentemente mais úteis para o planeamento e gestão da conservação do que a simples evolução do número de espécies.” (p. 284). Contudo, se este é ou não o caso só pode ser determinado empiri- camente. E, no caso de muitas AAEVN na Europa, muitas das espécies ganhas apresentam, de facto, um elevado estatuto de conservação, frequente- mente maior do que o de muitas das espécies flo- restais naturalmente ocorrentes na área. A refe- rência anterior às AAEVN na Europa, cuja preciosa biodiversidade está ameaçada quer pela intensi- ficação agrícola quer pelo abandono (isto é, pela renaturalização), mostra alguns limites à aplicação generalizada daquela avaliação negativa dos biólo- gos da conservação, geralmente americanos, face ao impacte dos sistemas agrários na biodiversi- dade. Nomeadamente em contextos, como deter- minadas áreas europeias, em que está em causa um processo generalizado de abandono agrícola e retoma da sucessão secundária (e não uma expan- são de área agrícola por conversão de ecossistemas naturais, como acontece, por exemplo, em zonas de floresta tropical), a avaliação do impacte dos siste- mas agrários na biodiversidade parece ser, assim, mais complexa e matizada. Se levarmos o nosso exemplo um pouco mais longe, poderemos prever uma fase subsequente da ocu- pação humana em que a floresta natural é progres- sivamente fragmentada e, finalmente, eliminada da paisagem, sendo substituída por formações abertas, dominadas por cultivos extensivos, pou- sios e/ou pastagens. As espécies mais dependen- tes do coberto arbóreo terão agora desaparecido. A diversidade beta (anterior contraste entre man- chas/comunidades florestais e espaços abertos) será agora menor, mas poderão ter aparecido novas espécies dependentes de grandes espaços abertos estepários. No que se refere ao número de espé- cies à escala da paisagem (diversidade gama), ele será provavelmente menor do que no ecossistema

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