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Como promover os serviços de ecossistema na agricultura usando a biodiversidade 29 peu mantém-se uma componente incontornável e está entre os grandes objetivos da PAC pós-2020. A sustentabilidade da produção agrícola e a segu- rança alimentar e nutricional dependem da explo- ração sustentável dos parentes silvestres das espé- cies cultivadas, variedades autóctones, espécies negligenciadas ou subutilizadas e do uso da bio- diversidade local. Acresce o facto de que as alte- rações globais, tais como as alterações climáticas, têm o potencial de provocar grandes impactos nas funções-chave, como os serviços de polinização e controle de pragas. Promover o funcionamento saudável dos ecossistemas garante a resiliência da agricultura, à medida que esta se intensifica de forma a assegurar a crescente produção de alimen- tos. Por outro lado, a biodiversidade total de um ecossistema tem implicações diretas na produtivi- dade agroflorestal pelo papel que muitas espécies desempenham, tais como modificação das pro- priedades do solo, distribuição de espécies disper- soras de sementes, polinizadores e outros auxilia- res, distribuição e controlo biológico de pragas e doenças, ou presença de espécies invasoras. A bio- diversidade existente nas explorações e na paisa- gem envolvente influencia a resiliência a fatores de pressão e pode também ser usada em certifi- cação e como indicador de práticas sustentáveis e saúde ambiental, trazendo valor socioeconómico. Desta forma, o grande desafio é promover a biodi- versidade associada à agricultura – agrobiodiversi- dade – que irá reforçar a resiliência dos ecossiste- mas e mitigar alguns dos impactos que impedem os agroecossistemas de fornecer mais bens e serviços. A incorporação de princípios científicos associados à ecologia nas práticas agrícolas, tais como a agri- cultura de conservação, ou a gestão integrada de pragas, mostrou que a intensificação da produção pode ser melhorada através da gestão sustentável dos ecossistemas e da utilização dos serviços dos ecossistemas em benefício da agricultura. A agrobiodiversidade engloba a variedade e variabi- lidade de animais, plantas e microrganismos neces- sários para suportar as principais funções do agroe- cossistema, incluindo a sua estrutura e processos que apoiam a produção de alimentos e a segu- rança alimentar (FAO, 1999). A agrobiodiversidade pode ser definida a partir das seguintes tipologias: i) variedades de culturas, raças de gado, espécies de peixes e recursos não domesticados (selvagens), incluindo produtos de árvores, animais selvagens caçados para alimentos e em ecossistemas aquá- ticos (por exemplo, peixes selvagens); ii) espé- Caixa 1 – A agrobiodiversidade associada aos pre- cursores silvestres de plantas cultivadas As espécies selvagens ou precursores silvestres de plantas cultivadas (CWR) têm, frequentemente, resistência a fatores bióticos e abióticos e poten- cial para contribuir para a melhoria da segurança alimentar (Vincent et al ., 2013). A caracterização de CWRs inexplorados é uma área científica em acen- tuado desenvolvimento, pois estas espécies selva- gens representam um importante reservatório de recursos genéticos para o melhoramento de cultiva- res (Romeiras et al ., 2016). Dentro do “Hotspot da Bacia Mediterrânea”, Portugal apresenta uma ele- vada diversidade entre os CWR (Kell et al ., 2007): segundo o inventário Nacional de Recurso Genéti- cos (ver Brehm et al . 2008), foram identificados 2319 taxa , dos quais 97,5% são CWR, sendo 6,1% espé- cies endémicas. Refira-se, a título de exemplo, que os CWR estão adaptados a condições climáticas extremas, como é o caso de áreas costeiras fortemente expostas e secas ou zonas de elevada salinidade (Monteiro et al ., 2013). Assim, a exploração da riqueza encerrada neste germoplasma constitui a base para a aplicação de diretrizes que apoiam o planeamento da conser- vação da biodiversidade, assim contribuindo para o progresso da preservação do ambiente e dos recur- sos naturais para fazer face às alterações climáticas. O conhecimento da diversidade dos recursos gené- ticos ligados a características adaptativas, como a secura ou salinidade, permitirá garantir que num futuro próximo seja feita uma gestão sustentável dos recursos naturais nacionais, reduzindo deste modo a vulnerabilidade das culturas agrícolas face às altera- ções climáticas.

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