CULTIVAR 9 - Gastronomia

cadernos de análise e prospetiva CULTIVAR N.º 9 SETEMBRO 2017 68 Dieta Mediterrânica A Dieta Mediterrânica foi distinguida desde 2013 como património imaterial da humanidade, distin- ção que Portugal partilha com Espanha, Marrocos, Itália, Grécia, Chipre e Croácia. A definição de Dieta Mediterrânica teve por base os hábitos alimentares da Grécia e de Itália dos anos 50 e 60 do século XX; contudo, este padrão alimen- tar estende-se a um vasto território da orla medi- terrânica, que inclui países da Europa Meridional, em que Portugal se integra, da Ásia Ocidental e do Norte de África. Mais do que um padrão alimentar saudável, a Dieta Mediterrânica traduz um estilo de vida, recorrendo à simplicidade e à variedade dos alimentos que privilegiam os produtos frescos, locais e da época. Azeite extra-virgem, vinho tinto com moderação e peixe são os produtos de eleição, a que se juntam os grãos de cereais, vegetais fres- cos, frutos secos e laticínios magros. Refeições par- tilhadas, celebrações e tradições e exercício físico moderado, favorecido pelo clima ameno, comple- tam um modelo de vida saudável. Com a alteração dos hábitos alimentares dos tem- pos atuais, é importante verificar até que ponto o padrão alimentar das disponibilidades alimentares para consumo apresentam uma adesão elevada ou não a esta dieta. Para o efeito, procedeu-se ao cál- culo do Mediterranean Adequacy Index (MAI) (Índice de Adesão à Dieta Mediterrânica) que mede o grau de adesão ao padrão alimentar mediterrânico e que foi proposto pela primeira vez por Fidanza et al . Este índice resulta do quociente entre a percen- tagem de energia proveniente de grupos de ali- mentos tipicamente medi- terrânicos e a percentagem de energia fornecida por grupos de alimentos desig- nados como não mediterrâ- nicos. Um índice superior a 1 revela uma predominância de calorias provenientes de produtos ditos mediterrâni- cos. Assim, quanto maior for o índice, mais o padrão das disponibilidades alimenta- res se aproxima do ideal do padrão alimentar mediterrâ- nico. Entre 1992 e 2006, este índice apresentou uma ten- dência de decréscimo, com uma variação negativa de 16,9%, evidenciando um afastamento das dispo- nibilidades alimentares para consumo em relação ao padrão da Dieta Mediterrânica. Para esta evolu- ção contribuiu o decréscimo em 3,7% das calorias provenientes dos produtos da Dieta Mediterrânica, em particular da batata, e o aumento de 13,3% das calorias provenientes de produtos que não fazem parte desta dieta, em particular da carne, gorduras animais e alimentos ricos em açúcar. De 2006 a 2012, verificou-se uma inversão de ten- dência, com o índice a recuperar 4,9%, ainda assim longe dos valores alcançados no início da década de 90. Esta inflexão foi promovida pelo aumento de 2,1% das calorias provenientes dos produtos típicos da Dieta Mediterrânica, principalmente dos cereais, hortícolas e azeite, e pelo decréscimo em 2,5% das calorias provenientes dos restantes produtos, nomeadamente dos laticínios, das carnes, das gor- duras animais e das bebidas alcoólicas (excluindo

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